Sobrevivendo à retórica dos que afirmam em
alta voz que a Covid-19 é uma cilada ideológica, reafirmamos que estamos diante
de um novo coronavírus que carrega consigo mais interrogações do que certezas,
mormente para as pessoas com fatores de risco. Sou pai de uma filhona especial
(não é Down), que é uma pérola preciosíssima para nós. Sei que no mundo inteiro
há famílias de milhares de filhos especiais (pessoas com síndrome de Down) que
estão vivendo dias de angústia pelos enigmas quanto aos efeitos da Covid-19 nos
filhos especiais, além de mudanças drásticas no dia a dia de intensas terapias
e ensinos por conta do isolamento social.
É significativa a parcela de pessoas com
síndrome de Down que já nasce com comprometimentos no coração, pulmão e sistema
imunológico, e que desenvolvem diabetes e obesidade — observando que todas
essas condições são fatores de risco para a Covid-19. [1] É verdade! Quaisquer
portadores de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, asma ou indivíduos
acima de 60 anos são os mais propensos a terem complicações fatais.
Um estudo recém-publicado no British Medical
Journal (BMJ) traz novos dados sobre os tais grupos de risco do novo
coronavírus. De fato, os idosos estão mais suscetíveis às complicações do
Sars-Cov-2 por causa de alterações no sistema imunológico naturais da idade. No
caso dos males cardíacos, a circulação prejudicada e a debilidade dos pulmões parecem
favorecer a agressividade da infecção. Asma, enfermidades hematológicas, doença
renal crônica, imunodepressão (provocada pelo tratamento de condições
autoimunes, como o lúpus, ou câncer) e obesidade também estão ligadas às
mortes. [2] Todavia, o curioso é que um estudo inédito realizado por
pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que mais de
80 milhões de adultos brasileiros estão no grupo de risco para a Covid-19. Aqui
em Brasília, “o número alcança 49,2% da população, o equivalente a 1.136.833
pessoas.” [3]
A grande maioria (84,5%) dos médicos
brasileiros considera que o Brasil ainda não atravessou a pior onda do novo
coronavírus, como mostra a segunda pesquisa da APM (Associação Paulista de
Medicina). Foram entrevistados 2.808 profissionais de todo o país, das redes
pública e privada, entre os dias 15 e 25 de maio [de 2020]. Eles responderam a
questionário estruturado online, na plataforma Survey Monkey. A grande maioria
(75,3%) considera o isolamento social importante, mesmo com as perdas
financeiras advindas dele, pois 85,2% relatam queda de renda em razão da
pandemia. Cerca de 79,3% dos médicos da linha de frente seguem apreensivos,
pessimistas, deprimidos, insatisfeitos e revoltados. Entre os profissionais da
linha de frente, 33,7% tiveram pacientes que morreram em razão da doença. [4]
Dos diferentes debates, todos são unânimes em
afirmar que há três coisas para serem praticadas nesta pandemia: o isolamento
social, a solidariedade e os testes diagnósticos. Sem solidariedade, não tem
isolamento. Sem teste, não adianta fazer isolamento. As pessoas um dia vão ter
que sair de casa e, quando saírem, podem se contaminar. Será que a fé espírita
pode ser um antídoto contra a Covid-19?
Cremos que o conhecimento espírita propicia
uma força moral que é capaz de nos preservar de muitas doenças, até porque,
para o espírita convicto, não deve haver esse temor da morte. Na devastadora
pandemia da cólera do século XIX, Allan Kardec expressamente registra que
devemos seguir as medidas sanitárias.[5]
A calma deve ser exercitada, dominada, a fim
de que possamos aproveitar o período de isolamento social imposto pelas
circunstâncias da pandemia, na busca da meditação, daquela infrequente viagem
interior e do conhecimento de si mesmo, auxiliando na conquista da paz
interior. A oração será recurso primordial por nos manter conectados com Deus e
com as forças superiores mantenedoras da vida. É urgente darmos a devida
importância da higiene para evitar contaminações.
É mister evitar o medo, que é pior do que o
próprio mal pandêmico. E não ignorarmos os primeiros sintomas da doença, que
recomendarão medidas específicas. Em 1868, Kardec publicou na RE que “(…) é
apavorante pensar em perigos dessa natureza [pandemia], mas, pelo fato de serem
necessários (…), é preferível, em vez de esperá-los tremendo, preparar-se para
enfrentá-los sem medo, sejam quais forem os seus resultados. Preparai-vos,
pois, para tudo, e sejam quais forem a hora e a natureza do perigo,
compenetrai-vos desta verdade: A morte não é senão uma palavra vã e não há
nenhum sofrimento que as forças humanas não possam dominar.” [6]
Referências
bibliográficas:
1
Disponível em
https://www.bbc.com/portuguese/geral-52627581)
acesso 21/05/20
2 Disponível em
https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-novos-dados-sobre-grupos-de-risco/
acesso 23/05/20
3 Disponível em
https://www.metropoles.com/saude/grupo-de-risco-da-covid-19-no-brasil-e-de-80-milhoes-afirma-pesquisa acesso 20/05/20
4
Disponível em
https://br.yahoo.com/noticias/m%C3%A9dicos-consideram-que-o-pior-154500848.html em 06 de junho de 2020
5
KARDEC, Allan. Revista Espírita, novembro de 1865, RJ: Ed Feb 1990
6
KARDEC, Allan. Revista Espírita, novembro de 1868, RJ: Ed Feb 1990 –
mensagem mediúnica recebida na Sociedade de Paris, em 16 de outubro de 1868,
sobre a “Epidemia na Ilha Maurícia”
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