Não creia que você precisa abraçar todas as
lutas para encontrar um lugar politicamente correto nas fileiras da evolução.
Isso além de demonstrar fragilidade na compreensão dos processos humanitários
pode ser uma armadilha sutil da arrogância, aquela má companheira das nossas
provas terrenas.
Contudo, a partir desta humilde demonstração
de limites, urge salientar o respeito que precisamos desenvolver pelas lutas
desconhecidas que outros tantos estão a travar nesta mesma hora. Pois o tablado
da encarnação é complexo e vai muito além do que consegue mapear esta nossa
infância nos caminhos do bem.
Ao nos presumirmos capazes de abordar todas
as falas e emitir os sons de todas as vozes, por mais que nos esforcemos
estaremos muito mais propensos a fazer mal feito do que a colaborar
verdadeiramente para a implantação utópica das escolhas que fizemos.
Sim, não são apenas as nossas escolhas que
vingarão. Outras feitas por outras pessoas também precisam de sol e ar. Mas
isso não significa que as nossas sejam desmerecidas. Bastará por vezes aparar
nossas projeções para que não excedam as forças, preparo e até
responsabilidades que por ora temos.
Assim lidando com a nossa vida e as vidas das
outras pessoas, sejamos honestamente singelos, tenhamos calma e principalmente
não busquemos corresponder outras expectativas, pois não teremos deveres com o
que as pessoas possam vir a interpretar sobre nós.
Obviamente sei bem do que falo, pois não foi
apenas uma vez que indivíduos se aproximaram de mim com suas causas e lutas em
punho; algumas vezes em busca de solidariedade e apoio – e sempre que pude
ofereci. Mas também existem aqueles outros que angariam adeptos, e estes são os
mais ardilosos, por isso prefiro lidar com eles sem níveis profundos de
compromisso, porque já tenho meu caminho.
Mesmo quando as causas são humanitárias nós
não somos obrigados a sair enchendo as nossas horas com todas que nos cheguem.
Alguns não estão preparados para ouvir esta reposta, e a causa mais comum para
esta situação se efetivar, é não saber ouvir o outro. Não se dispõem a saber quais
são as causas que aquela individualidade inserida em um mar de coletividades,
já possa ter escolhido. Em resumo, não sabem respeitar o arbítrio alheio.
Todo leitor de Allan Kardec saberá sobre a
importância do arbítrio. Saberá também que não somos orientados a proselitismos
nem esforços de convencimento quando cabe ao outro tomar decisões que lhe dizem
respeito. Esta é uma sábia postura a ser adotada mesmo na vida social, nas
relações, pois é assim que o Espiritismo se confirma na história, saindo da
escrita para a atitude.
Se alguma vez já se sentiu mal ou mau por não
ter seguido determinados grupos aos quais admira mas não se deseja integrar,
aconselho a não alimentar com sentimentos autodepreciativos a cultura da
manipulação que tem crescido por trás de muitos discursos. Isto é requisito de
autonomia que precisamos aprender a manifestar, falar sobre, defender nossas
decisões.
Admirando e respeitando muitas lutas,
seguiremos fazendo outras tantas. E se alguém tentar diminuir o efeito das
causas as quais abraçamos, nosso real compromisso será com a continuidade, com
o equilíbrio de nos pertencer e direcionar a doação de nós mesmos, ou não.
Ser aceito primeiro por nós, como somos, é o
ponto de partida para eventos exitosos nas relações estabelecidas. Pois o
contrário nos torna dependentes, e esta condição nos torna trunfo do
manipulador.
Por mais que louvemos os grandes feitos
humanitários transformadores de histórias, se não formos capazes de lidar com a
nossa própria, pouco poderemos fazer além nos arriscarmos atuar com fantoches
de alguém.
Ser espírita não passa por ingênuas posições
diante da vida e da sociedade, isto pode rimar bem com imaturidade. Porque o
Espiritismo nos esclarece a tal ponto, que nem a pressa nem o medo da opinião
nos abala ou influencia.
Se não respeitam a sua causa, abençoa e segue
no trabalho que te reclama fidelidade após ter sido escolhido livremente por
ti.
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