Vivemos um tempo de truculência que parece
inimaginável numa época de tanta expansão da inteligência. A abrangência dessa
violência recrudescente campeia em todo o território planetário alcançando
infelizmente as terras brasileiras. Vai desde a grosseria do palavrório de
baixo calão tupiniquim passando por joelhos que matam por impedir a respiração,
ambos lamentáveis e igualmente nefastos, pois na síntese de suas práticas levam
pessoas à morte direta ou indiretamente.
Não
é novidade em nossa civilização ações que declaradamente imponham a força e a
ausência de trato humano e, de certa forma, vivemos em condição de beligerância
desde épocas imemoriais, em ciclos que trazem à tona atrocidades seguidas de
resistência às mesmas. A boa notícia é que o planeta acaba paulatinamente a
compor uma MAIORIA que mostra não se deixar dominar pela sede de sangue que
parece alimentar a sanha dos violentos. O triste desses episódios é que
conseguem alavancar um séquito de seguidores afeitos ao despropósito
inescrupuloso e ainda acende a flama inconveniente da necessidade de revanche
em parte daqueles que se opõem e ainda se pautam pelo “dente por dente”. Ou
seja, a truculência é catastrófica até àqueles que se lhe opõem, mas não têm a
devida educação espiritual para vencê-la sem ser igualmente truculento. E isso
gera os conflitos que, apesar de necessários no contexto, poderiam ser
evitados, sem os atos que os provoca.
Quem
já teve a oportunidade de escutar “As Quatro Estações”, de Antonio Vivaldi (04/03/1678
em Veneza a 28/07/1741 em Viena) vai entender como a Natureza procede e ali é
possível tirar conclusões de que é possível que o tempo e o clima mudem sem
perder a harmonia intrínseca que mediam as necessárias mutações.
Primavera/Verão/Outono/Inverno, escrupulosamente, gentilmente, mudando as
paisagens sem produzir contendas, vencedores ou derrotados, sem criação de
toxicidade, apenas trazendo novas belezas para ser admiradas e propondo estilos
diferentes de vida. Alguém que tenha visto as obras de Claude Monet (França –
14/11/1840 a 05/12/1926) colocará a própria visão para enxergar o que está por
trás da pintura que a vida apresenta. Quem tenha lido em O Livro dos Espíritos
a questão 919 terá alcance para encontrar meios pacíficos para opor resistência
à animalidade (“Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nessa vida e
resistir ao arrastamento do mal? - Um sábio da Antiguidade vo-lo disse:
Conhece-te a ti mesmo”). Quem leu minimamente as palavras de Jesus, mesmo
vivendo em tempos de truculência e perseguições, vai compreender que atitude
igual equipara os contendores (Mateus XXVI; 52 – Então Jesus lhe disse:
Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada
morrerão).
Há espaço para a delicadeza
no mundo? Sim, se acreditarmos que a educação, a arte, a beleza, a comédia, a
tolerância, a convivência fraterna, o respeito ao semelhante fazem parte do
tabuleiro de peças que precisamos mexer para continuar no jogo do crescimento
civilizatório. Felizmente tantos maus momentos já fazem parte da história que
vale a pena guerrear sem as armas do opressor. Que tal manter a delicadeza
lembrando o Poeminho do Contra de Mário Quintana? “Todos esses que estão aí/
Atravancando meu caminho/ Eles passarão.../ Eu passarinho.
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