Pouca divergência haverá à conclusão de que a
sociedade humana está gravemente enferma. Tal enfermidade não se refere
exatamente àquelas detectadas pelos artefatos que a ciência do diagnóstico
permite. O adoecimento se encontra incrustado exatamente numa dimensão que
ainda não se fotografa nem dosada a sua sorologia, que é o comportamento.
O
comportamento, expressão utilizada pela primeira vez por na França em 1908 por
Henri Piéron é visto como “o conjunto de procedimentos ou reações do indivíduo
ao ambiente que o cerca em determinadas circunstâncias”. O Behaviorismo, área
da Psicologia que estuda o comportamento, admite que o mesmo seja resultado
apenas de fatores objetivos negando que responda aos impulsos de introspecção,
transcendentais e da consciência. Óbvio que a visão de que o indivíduo é um
Espírito Imortal nos faz discordar dessa premissa e estabelece que a conduta
(outro sinônimo de Comportamento) tem relação direta com a responsabilidade de
cada um e, portanto o motivo da patologia social que está posta. Dessa forma é
possível entender que a ação deliberada no convívio com os demais redunda de
escolha moral, a qual estabelece o limite entre o Bem e o Mal (LE – q.629).
O
Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. III) classifica a Terra como um mundo de
expiações e provas. Nesse estágio, o planeta recebe preferencialmente Espíritos
da Terceira Ordem na Escala Espírita (LE – q 100 e seguintes), enquanto os da
Segunda são menos numerosos e da Primeira Ordem talvez só Jesus (LE – idem), o
que explica o drama que vivemos de brutalidade, racismo, desigualdades,
desrespeito. O nosso mundo é um grande hospital, com a maioria se constituindo
em seres enfermos e assim necessitados de socorro espiritual para vencermos as
próprias inferioridades. A fome, o analfabetismo, a violência, o cinismo, o
ataque ao contraditório são características do comportamento humano médio, caso
contrário habitaríamos um planeta Ditoso, daí não merecermos por enquanto tal
estância.
Jesus, no entanto, chama a
atenção para quem ele direcionava a sua pedagogia. Naturalmente sabia da
condição humana que pretendia educar. Espírito de altíssima estirpe espiritual
não alimentava ilusões quanto à interpretação que haveriam de sofrer as suas
palavras e o seu comportamento quando nos trouxe os seus ensinamentos. Conhecia
perfeitamente a índole da turba e percebia a fragilidade moral de tantos que
buscavam a sua assistência, mas não titubeariam em condenar-lhe à cruz,
embalados pela cegueira dos seus líderes ensandecidos. Não por outra razão que
em Marcos (II; 17) está assim expresso: “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não
necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os
justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento”.
Não tem jeito. O nosso remédio está na mensagem profunda e
eterna de Jesus. A Doutrina Espírita traz as ferramentas para a compreensão
contemporânea daquela mensagem. Desse remédio todos precisamos, sem exceção.
Quando será alcançada a cura é outra história, apesar de fatal. Só a conduta de
cada um dirá. Jesus e Kardec nos convidam para revisitar os nossos
comportamentos diante da vida. Aceitamos o convite de combater as torpezas de
nossas almas e lutar pela justiça e pelos direitos, pelo pão e pela letra, pela
educação e pela proteção do planeta? Curemo-nos pela mudança de comportamento.
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