quarta-feira, 24 de junho de 2020

REMÉDIO PARA QUEM MAIS PRECISA


  
          Pouca divergência haverá à conclusão de que a sociedade humana está gravemente enferma. Tal enfermidade não se refere exatamente àquelas detectadas pelos artefatos que a ciência do diagnóstico permite. O adoecimento se encontra incrustado exatamente numa dimensão que ainda não se fotografa nem dosada a sua sorologia, que é o comportamento.

            O comportamento, expressão utilizada pela primeira vez por na França em 1908 por Henri Piéron é visto como “o conjunto de procedimentos ou reações do indivíduo ao ambiente que o cerca em determinadas circunstâncias”. O Behaviorismo, área da Psicologia que estuda o comportamento, admite que o mesmo seja resultado apenas de fatores objetivos negando que responda aos impulsos de introspecção, transcendentais e da consciência. Óbvio que a visão de que o indivíduo é um Espírito Imortal nos faz discordar dessa premissa e estabelece que a conduta (outro sinônimo de Comportamento) tem relação direta com a responsabilidade de cada um e, portanto o motivo da patologia social que está posta. Dessa forma é possível entender que a ação deliberada no convívio com os demais redunda de escolha moral, a qual estabelece o limite entre o Bem e o Mal (LE – q.629).
            O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. III) classifica a Terra como um mundo de expiações e provas. Nesse estágio, o planeta recebe preferencialmente Espíritos da Terceira Ordem na Escala Espírita (LE – q 100 e seguintes), enquanto os da Segunda são menos numerosos e da Primeira Ordem talvez só Jesus (LE – idem), o que explica o drama que vivemos de brutalidade, racismo, desigualdades, desrespeito. O nosso mundo é um grande hospital, com a maioria se constituindo em seres enfermos e assim necessitados de socorro espiritual para vencermos as próprias inferioridades. A fome, o analfabetismo, a violência, o cinismo, o ataque ao contraditório são características do comportamento humano médio, caso contrário habitaríamos um planeta Ditoso, daí não merecermos por enquanto tal estância.
Jesus, no entanto, chama a atenção para quem ele direcionava a sua pedagogia. Naturalmente sabia da condição humana que pretendia educar. Espírito de altíssima estirpe espiritual não alimentava ilusões quanto à interpretação que haveriam de sofrer as suas palavras e o seu comportamento quando nos trouxe os seus ensinamentos. Conhecia perfeitamente a índole da turba e percebia a fragilidade moral de tantos que buscavam a sua assistência, mas não titubeariam em condenar-lhe à cruz, embalados pela cegueira dos seus líderes ensandecidos. Não por outra razão que em Marcos (II; 17) está assim expresso: “E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento”.
Não tem jeito. O nosso remédio está na mensagem profunda e eterna de Jesus. A Doutrina Espírita traz as ferramentas para a compreensão contemporânea daquela mensagem. Desse remédio todos precisamos, sem exceção. Quando será alcançada a cura é outra história, apesar de fatal. Só a conduta de cada um dirá. Jesus e Kardec nos convidam para revisitar os nossos comportamentos diante da vida. Aceitamos o convite de combater as torpezas de nossas almas e lutar pela justiça e pelos direitos, pelo pão e pela letra, pela educação e pela proteção do planeta? Curemo-nos pela mudança de comportamento.  

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