sábado, 13 de junho de 2020

VIVER O DIA DE HOJE COM JESUS



 Longe de ser exceção, quando experimentamos situações que tragam aflição e sofrimento, é comum voltarmos os olhos para o futuro com pressentimentos e temores que acabam roubando a energia necessária à solução da dificuldade que se apresenta. Geralmente uma crise que se abate sobre uma pessoa ou grupamento de pessoas tem uma presumida origem em problemas, que foram se avolumando até que atingem uma pressão de estrangulamento que a faz eclodir. Uma crise só se instala quando, por inúmeras razões, os motivos que a produz foram, de certa forma postergados, ou passaram despercebidos, e por isso relegados ao futuro. Tais problemas se acompanhados dia a dia provavelmente se mostrariam simples o suficiente para que as soluções fossem encontradas evitando-se maiores dificuldades.  

No versículo 34 de Mateus (cap. VI) Jesus conclui a sua poética alusão aos lírios do campo e aos pássaros do céu com a seguinte sentença: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. Certamente não haverá empecilhos para a fácil compreensão do senso de tais palavras. Basta um menor esforço para entender que o cuidado com o agora é o preço que nos é cobrado na presente realidade. O Mestre, no entanto, não negligencia a necessidade de um plano de maior prazo, visto que produzir o plano faz parte da tarefa do hoje. A sua sentença chama a atenção para a perda da esperança e o sofrimento que cada um possa se impor em decorrência dos obstáculos.
Assombrados com a dor, seja pessoal ou coletiva, a visão imperfeita que temos da existência é uma mola propulsora dos reflexos ansiosos que desenvolvemos séculos afora e somos tomados pelo medo da escassez, da injustiça e da morte. O inconsciente mergulha nos mares escuros do passado impelindo-nos a antever sofrimentos que ficaram instalados na memória espiritual de longo prazo. Fenômeno esse que é agravado pelas influências de antigos convivas e sofre as repercussões derivadas das informações culturais da presente jornada. Dessa forma tememos o desenrolar dos fatos com assombro de voltar a passar as agruras já vivenciadas e que parecem querer retornar ao cenário das experiências.
Compreender o papel individual e coletivo de cada um, somado à perspectiva da eternidade que as filosofias espiritualistas, mormente a Doutrina Espírita nos oferta, mostrando os obstáculos na condição de lição necessária e justa, como profunda reflexão para explicar a aflição de hoje como oportunidade de libertação da alma. A relação do que nos acontece hoje é cicatriz de ontem, que precisa ser corrigida, daí a ansiedade nos joga para o tempo errado, que é o amanhã, o qual jamais será o que desejamos se não conseguirmos desempenhar hoje da melhor forma.  
Diante de tantos desafios que nos fazem tremer nas entranhas, cuja intensidade só sabe quem os enfrenta, a entrega às palavras de Jesus se faz impositivo de bênção e paz. Aprender a dor de hoje é o melhor caminho. A fé, a força e a coragem são instrumentos que permitem ao divino amigo nos abraçar no silêncio dos nossos medos, reconhecidos pela Sua generosidade, a fim de nos fazer vitoriosos hoje, nessa luta que nos espera a cada amanhecer.

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