Ana Cláudia Laurindo - autora |
Tenho parado para contemplar (às vezes com os
olhos embaçados) este mundo de ocorrências e fatos, que nos ligam aos vieses de
debates sobre espiritismo e espiritualidade.
Tenho silenciado. Porque internalizo com
cuidado o que deseja avivar minhas raízes primárias em emoções despertas e
velozes, estágio pelo qual desejo passar com calma, análise e controle das
escolhas.
Hoje posso afirmar que espiritismo não é meu
partido, não é minha terapia, nem meu marketing pessoal.
Escrever tendo este direcionamento temático
propiciou inúmeros encontros! Também esbarrões e desencontros. No entanto, a
escrita é uma oferenda que a vida me ensinou a depositar sem preços, como
pedaços de olhares projetados rumo ao que se acredita.
São os olhos de leitura que promovem a
escrita, mas sem sentimento seria desertificado, eco de grutas profundas feito
gráfico.
Espiritismo não é meu motivo para digladiar,
para buscar vencer a todo custo um embate apostando na casa da lógica.
Espiritismo para este coração de militâncias livres é aurora, pôr de sol e
solidões de quem sozinho discorda, mas acompanhado acorda e segue sem olhar
para trás.
Não é meu partido, mas não me despolitiza nem
censura as resistências.
Quando o tempo transfere silêncio não é medo.
Também não será segredo, porque o exercício da liberdade não rima com pressa,
pressão.
Seria bem mais fácil cantar o que parece
óbvio, ser liderado, aplaudir ícones, fomentar a docilização da presença útil.
Mas a escrita sairia torta, mentirosa e
ansiosa por ligeiramente agradar.
Espiritismo não pediu batismo, não repeti
fórmulas, não aceitei dogmas.
Diante das dores do mundo meu olhar tem sido
dolorido. Personalismo não importa, nem mesmo para mostrar tudo o que tenho
lido, ouvido, aprendido. Discurso caído, quando a solidariedade pede mais
sentir.
Definitivamente eu não tenho um partido, mas
se quisesse ter não buscaria no espiritismo!
Silêncio outra vez. Olhar longínquo. Paz na
confiança de viver a imersão no espiritismo.
Novas curvas haverão de surgir e a estrada
agora não está larga. Mas é para cima que olho, enquanto sinto a angústia de
aprender a desbravar este caminho sem negociar amor, aplauso ou salvação.
No início e por toda a eternidade seremos um
caso de amor que envolve crenças e libertação!
Espiritismo me abre um grande labirinto e
agora este lugar se chama coração!
A tudo o que não posso responder, ao que não
posso dizer, ao que não explico ainda, perdão.
Eis a partitura original do crescimento real,
em silêncio de invernada e olhar longo de infinito pela estrada. O que virá já
está sendo amparado pelas mãos livres dos dias futuros.
Sem pressa, sem contrato, sem interferência
julgadora.
Espiritismo é guia respeitoso, silencioso
acolhedor de buscas.
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