Estudamos em Leon Denis que Joana D’Arc foi
filha de pobres lavradores. Aprendeu a fiar a lã junto com sua mãe e guardava o
rebanho de ovelhas. Teve três irmãos e uma irmã. Era analfabeta, pois cedo o
trabalho lhe absorveu as horas. A aldeia era bastante afastada e os rumores da
guerra demoravam a chegar ao local. Finalmente, um dia, Joana tomou contato com
os horrores da guerra, quando as tropas inglesas se aproximaram e toda a
família precisou fugir e se esconder.
Aos 12 anos começou a ter visões. Era um dia
de verão, ao meio-dia, Joana orava no jardim próximo à sua casa, quando escutou
uma voz que lhe dizia para ter confiança no Senhor. [1]A figura que ela
divisou, identificou como sendo a do arcanjo São Miguel. Duas mensageiras
espirituais a acompanhavam (Catarina e Margarida), “santas” conforme a Igreja
que ela frequentava. Aos 17 anos de
idade, Joana, doce e amável, parte para sua missão acompanhada de seu tio
Durand Laxart e se apresenta ao comandante, falando da sua missão em nome das
vozes que a conduziam, daí em diante surgem grandes obstáculos em sua vida até
a libertação da França, quando a virgem de Lorena contava apenas 19 anos.
Logo após o final da guerra Joana é presa
pelas forças inglesas e supliciada até a morte na fogueira, condenada como
bruxa, feiticeira e herege pela Santa Inquisição. Finalmente, a 30 de maio de
1431, a maior heroína da França é queimada em praça pública. No dia de sua
morte, não havia, pois, somente inimigos que a declaravam apóstata, idólatra,
impudica, ou amigos fiéis que a veneravam como uma santa. Havia também ingratos
que a esqueciam, sem falar dos indiferentes, que não se preocupavam com ela, e
gente esperta que se gabava de jamais ter acreditado em sua missão, ou de nela ter
pouco acreditado. [2]
Em seu caráter admirável se fundem as
qualidades aparentemente mais contraditórias: força e doçura, energia e
ternura, previdência, sagacidade, mente viva, engenhosa e penetrante, capaz de,
em poucas palavras claras e precisas, resolver as questões mais difíceis e as
situações mais ambíguas. Seu ar angelical reflete: ingenuidade e sabedoria,
humildade e altivez, ardor viril, angelitude e pureza e, acima de tudo,
infinita bondade. Todas as virtudes a adornavam. Ela foi um rastro de luz a
iluminar a terrível noite da Idade Média. [3]
Quatro séculos mais tarde, em Paris, O
Espírito Joana D’Arc dirigiu e mediunidade da jovem Ermance Dufaux que ainda
contava com seus 14 anos de idade quando psicografou a obra “História de Joana
D’Arc, ditada por ela própria”. Destaque-se que das 300 obras queimadas em
praça pública no Auto de fé de Barcelona, constava alguns volumes dessa obra
psicografada por Ermance.
No capítulo XXXI de O livro dos médiuns,
vindo a lume no ano de 1861, quando o Codificador reúne Dissertações Espíritas,
confere à de Joana D’Arc o número 12, onde ela se dirige aos médiuns, em
especial, concitando-os ao exercício do mediunato. Recomenda-lhes, ainda, que
confiem em seu anjo guardião e que lutem contra o escolho da mediunidade que é
o orgulho. Conselhos que ela, em sua vida terrena , na qualidade de médium,
muito bem seguira.
“O Papa Calixto III, em 1456, por uma
comissão eclesiástica, fez pronunciar a reabilitação de Joana e foi declarado,
por uma sentença solene, que Joana morreu mártir para a defesa de sua religião,
de sua pátria e de seu rei. O Papa quis mesmo canonizá-la, mas sua coragem não
foi tão longe. [4] A Igreja, arrependida do grave erro cometido pela
Inquisição, buscou reabilitá-la e a beatificou em 24 de abril de 1909, na
Catedral de São Pedro, no Vaticano, em Roma, com enorme pompa, sob a direção do
papa Pio X, diante de mais de 30.000 pessoas presentes. Em 1920 foi canonizada,
recebendo o título de “santa”.
Joana d’Arc não é um problema nem um mistério
para os espíritas. É um modelo eminente de quase todas as faculdades
mediúnicas, cujos efeitos, como uma porção de outros fenômenos, se explicam
pelos princípios da doutrina, sem que haja necessidade de lhes buscar a causa
no sobrenatural. Ela é a brilhante confirmação do Espiritismo, do qual foi um
dos mais eminentes precursores, não por seus ensinamentos, mas pelos fatos,
tanto quanto por suas virtudes, que nela denotam um Espírito superior.[5]
“Não há muitos personagens históricos que
tenham estado, mais que Joana d’Arc, expostos à contradição dos contemporâneos
e da posterioridade. Não há nenhum, entretanto, cuja vida seja mais simples nem
melhor conhecida.” [6] Temos que aprender com esses Espíritos a desenvolver em
nosso caráter a disciplina, a seriedade e o planejamento organizado, que são
virtudes a serem conquistadas por todos os Espíritos que ainda não as possuem,
ao longo das reencarnações.
Referências
bibliográficas:
[1] DENIS Leon. Joana D’Arc médium, RJ:
Ed. FEB, 1971
[2] KARDEC, Allan. Revista Espírita,
dezembro de 1867, Jeanne d’Arc e seus
comentadores
[3] DENIS Leon. Joana D’Arc médium, RJ:
Ed. FEB, 1971
[4] KARDEC, Allan. Revista Espírita,
dezembro de 1867, Jeanne d’Arc e seus
comentadores
[5] Idem
[6] Trecho do artigo é extraído do
Propegateur de Lille, de 17 de agosto de 1867 e publicado na Revista Espírita
1867 dezembro » Jeanne d’Arc e seus comentadores
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