terça-feira, 21 de julho de 2020

RETARDO MENTAL - VIA DO AMOR (FINAL)


  
Existe uma Causa Espiritual para o defeito da estrutura e função dos neurônios?
 
É claro, para quem já se despojou de um intenso orgulho, na caminhada evolutiva, afastando-se da descrença, que o fator espiritual existe e está presente, exercendo sua ação. Em verdade, o DNA, por exemplo, corresponde a uma fita planejada e o corpo humano está subordinado às informações ou ordens dos genes. Contudo, certamente, existe um grande mentor, que orienta a formação e o trabalho do DNA e permite repará-lo quando precise.

Essa fita de programação biológica foi aperfeiçoada nos bilhões de anos de evolução, sob as diretrizes de um respeitável obreiro: O Espírito Imortal, nascendo e renascendo na dimensão da matéria, tendo ao seu dispor, na intimidade mais profunda do corpo humano, cerca de 7 octilhões de átomos.


Se a programação biológica leva a uma disfunção biológica, o culpado é o programador, artífice do seu próprio destino, que carrega consigo, registrada na intimidade do seu espírito, a mácula que ele mesmo vincou devido a algum equívoco cometido em vivência pretérita, necessitando reparação. Quando o ser vem ao mundo, ostentando alguma dessintonia, em verdade a mesma já existia antes em espírito. Então, o ser espiritual é responsável por tudo que pensa e faz, subordinado à Lei Divina, denominada de Causa e Efeito, anunciada por Jesus: “A cada um segundo suas obras” e “Quem erra é escravo do erro”.

Em verdade, logo após a fecundação, a entidade reencarnante, de acordo com sua sintonia evolutiva, grava o seu código cifrado vibratório na matéria, atuando sobre o DNA. Por conseguinte, todas as transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas, de todas as células são orientadas e dirigidas pelo agente espiritual que preside a tudo, funcionando o corpo humano como um grande computador biológico.

Se tiver algo a expiar, o desequilíbrio arquivado, em sua vestimenta espiritual, propiciará a escolha da fita compatível e sua posterior gravação. Então, foi plasmada no DNA a informação codificada pelo espírito que reencarna, atestando que as deficiências físicas e mentais originam-se do próprio ser, nunca obra do acaso e muito menos predeterminadas por uma divindade vingativa. O indivíduo é hoje o que construiu ontem, tudo registrado no DNA.



Estamos subordinados a uma divindade vingativa ou somos artífices de nossas próprias deficiências?



Segundo a Teologia dogmática, Deus cria o espírito, junto com a formação do seu corpo físico. Portanto, se o recém-nato apresenta alguma mazela ou mesmo ostenta malformações intensas, de quem é a culpa? Deus não sabe criar? O espírito é gerado, ao lado de um corpo que entra para a arena física, portando, de imediato, uma patologia grave? Somente a Doutrina da Reencarnação, alicerçada em uma fé raciocinada, revelando que para todo efeito existe uma causa, pode explicar o porquê do nascimento de seres com lesões marcantes em sua arquitetura orgânica. O Evangelho corrobora esse pensamento, enfatizando: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” e “Quem leva para cativeiro, para cativeiro vai”.

Ensina Kardec: “A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam” (“OLE”, Q.171).

No livro “Religião dos Espíritos”, há um ensinamento valioso de Emmanuel, dizendo que “O corpo carnal, ainda mesmo o mais mutilado e disforme, em todas as circunstâncias, é o sublime instrumento em que a alma é chamada a ascender à flama da evolução”. Portanto, a responsabilidade é pessoal: cada ser passa por aquilo que precisa na sua evolução. Cada indivíduo é artífice de sua própria mazela, punido pelo tribunal da própria consciência, onde estão inseridas as Leis de Deus (“OLE”, Q. 621 ).

O Livro dos Espíritos ensina que os deficientes mentais têm uma alma humana, frequentemente muito inteligente e que sofrem com a insuficiência dos meios de que se dispoem para se comunicar, da mesma forma que o mudo sofre da impossibilidade de falar. Diz, igualmente, que os que habitam corpos de retardados mentais são espíritos sujeitos a uma correção e que sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.

O codificador, perguntando aos instrutores da dimensão extrafísica, qual seria o mérito da existência de seres, como os excepcionais, não podendo fazer o bem nem o mal, e se achando incapacitados de progredir, recebeu a resposta de que é uma expiação decorrente do abuso que fizeram de certas faculdades. É um estacionamento temporário.

Em outra questão, Kardec, perguntando se pode o corpo de um deficiente conter um espírito que tenha animado um homem de gênio em precedente existência, recebeu a confirmação: “Certo. O gênio se torna por vezes um flagelo, quando dele abusa o homem”. Depois, Kardec comenta que a superioridade moral nem sempre guarda proporção com a superioridade intelectual e os grandes gênios podem ter muito que expiar.

Os embaraços que o espírito encontra para suas manifestações se lhe assemelham às algemas que tolhem os movimentos a um homem vigoroso. Durante o sono, o espírito do portador de retardo mental frequentemente tem consciência do seu estado mental e compreende que as cadeias que lhe obstam ao voo são prova e expiação (Questões 371 a 374).

Assim sendo, a alma de um deficiente mental está enclausurada temporariamente em uma organização física desmantelada e a limitação cognitiva favorece o espírito a não errar mais. Em verdade, sob a ótica extrafísica, está acontecendo algo transcendental: o ser espiritual reconcilia-se consigo mesmo, isto é, com a Harmonia Divina dentro de si; está aprendendo a se pacificar e a se libertar, livrando-se do pesadelo em que se encontrava no além-túmulo, com a consciência pesada, assenhoreado pelo remorso destrutivo. Retirando-se os casos de expiação, quando o ser extrafísico necessita compulsoriamente reparar suas dívidas, pode também o espírito ser portador de um corpo deficiente para ser submetido a uma prova, pedindo para passar pelo sofrimento que lhe serve de impulso maior para a ascensão evolutiva, como igualmente ter o objetivo de poder ajudar seus pais, parentes e amigos, engolfados na atribulação, capacitando-os a se desprenderem com facilidade do jugo material, tornando-os mais fraternos e mais tolerantes, abertos para o encontro com a sua espiritualização e vivenciando com avidez o amor.

Em realidade, a disfunção cerebral é o caminho da libertação espiritual, a cura para o espírito, a via para a felicidade de um ser real dotado de natureza imortal que “estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lucas 15.32).

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