Existe uma Causa Espiritual para o defeito da
estrutura e função dos neurônios?
É claro, para quem já se despojou de um
intenso orgulho, na caminhada evolutiva, afastando-se da descrença, que o fator
espiritual existe e está presente, exercendo sua ação. Em verdade, o DNA, por
exemplo, corresponde a uma fita planejada e o corpo humano está subordinado às
informações ou ordens dos genes. Contudo, certamente, existe um grande mentor,
que orienta a formação e o trabalho do DNA e permite repará-lo quando precise.
Essa fita de programação biológica foi
aperfeiçoada nos bilhões de anos de evolução, sob as diretrizes de um
respeitável obreiro: O Espírito Imortal, nascendo e renascendo na dimensão da
matéria, tendo ao seu dispor, na intimidade mais profunda do corpo humano,
cerca de 7 octilhões de átomos.
Se a programação biológica leva a uma
disfunção biológica, o culpado é o programador, artífice do seu próprio
destino, que carrega consigo, registrada na intimidade do seu espírito, a
mácula que ele mesmo vincou devido a algum equívoco cometido em vivência
pretérita, necessitando reparação. Quando o ser vem ao mundo, ostentando alguma
dessintonia, em verdade a mesma já existia antes em espírito. Então, o ser
espiritual é responsável por tudo que pensa e faz, subordinado à Lei Divina,
denominada de Causa e Efeito, anunciada por Jesus: “A cada um segundo suas
obras” e “Quem erra é escravo do erro”.
Em verdade, logo após a fecundação, a
entidade reencarnante, de acordo com sua sintonia evolutiva, grava o seu código
cifrado vibratório na matéria, atuando sobre o DNA. Por conseguinte, todas as
transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas, de todas as células
são orientadas e dirigidas pelo agente espiritual que preside a tudo,
funcionando o corpo humano como um grande computador biológico.
Se tiver algo a expiar, o desequilíbrio
arquivado, em sua vestimenta espiritual, propiciará a escolha da fita
compatível e sua posterior gravação. Então, foi plasmada no DNA a informação
codificada pelo espírito que reencarna, atestando que as deficiências físicas e
mentais originam-se do próprio ser, nunca obra do acaso e muito menos
predeterminadas por uma divindade vingativa. O indivíduo é hoje o que construiu
ontem, tudo registrado no DNA.
Estamos subordinados a uma divindade
vingativa ou somos artífices de nossas próprias deficiências?
Segundo a Teologia dogmática, Deus cria o
espírito, junto com a formação do seu corpo físico. Portanto, se o recém-nato
apresenta alguma mazela ou mesmo ostenta malformações intensas, de quem é a
culpa? Deus não sabe criar? O espírito é gerado, ao lado de um corpo que entra
para a arena física, portando, de imediato, uma patologia grave? Somente a
Doutrina da Reencarnação, alicerçada em uma fé raciocinada, revelando que para
todo efeito existe uma causa, pode explicar o porquê do nascimento de seres com
lesões marcantes em sua arquitetura orgânica. O Evangelho corrobora esse
pensamento, enfatizando: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” e “Quem
leva para cativeiro, para cativeiro vai”.
Ensina Kardec: “A doutrina da reencarnação,
isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências
sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus
para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode
explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios
de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os
Espíritos a ensinam” (“OLE”, Q.171).
No livro “Religião dos Espíritos”, há um
ensinamento valioso de Emmanuel, dizendo que “O corpo carnal, ainda mesmo o
mais mutilado e disforme, em todas as circunstâncias, é o sublime instrumento
em que a alma é chamada a ascender à flama da evolução”. Portanto, a
responsabilidade é pessoal: cada ser passa por aquilo que precisa na sua
evolução. Cada indivíduo é artífice de sua própria mazela, punido pelo tribunal
da própria consciência, onde estão inseridas as Leis de Deus (“OLE”, Q. 621 ).
O Livro dos Espíritos ensina que os
deficientes mentais têm uma alma humana, frequentemente muito inteligente e que
sofrem com a insuficiência dos meios de que se dispoem para se comunicar, da
mesma forma que o mudo sofre da impossibilidade de falar. Diz, igualmente, que
os que habitam corpos de retardados mentais são espíritos sujeitos a uma
correção e que sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da
impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não
desenvolvidos ou desmantelados.
O codificador, perguntando aos instrutores da
dimensão extrafísica, qual seria o mérito da existência de seres, como os
excepcionais, não podendo fazer o bem nem o mal, e se achando incapacitados de
progredir, recebeu a resposta de que é uma expiação decorrente do abuso que
fizeram de certas faculdades. É um estacionamento temporário.
Em outra questão, Kardec, perguntando se pode
o corpo de um deficiente conter um espírito que tenha animado um homem de gênio
em precedente existência, recebeu a confirmação: “Certo. O gênio se torna por
vezes um flagelo, quando dele abusa o homem”. Depois, Kardec comenta que a
superioridade moral nem sempre guarda proporção com a superioridade intelectual
e os grandes gênios podem ter muito que expiar.
Os embaraços que o espírito encontra para
suas manifestações se lhe assemelham às algemas que tolhem os movimentos a um
homem vigoroso. Durante o sono, o espírito do portador de retardo mental
frequentemente tem consciência do seu estado mental e compreende que as cadeias
que lhe obstam ao voo são prova e expiação (Questões 371 a 374).
Assim sendo, a alma de um deficiente mental
está enclausurada temporariamente em uma organização física desmantelada e a
limitação cognitiva favorece o espírito a não errar mais. Em verdade, sob a
ótica extrafísica, está acontecendo algo transcendental: o ser espiritual
reconcilia-se consigo mesmo, isto é, com a Harmonia Divina dentro de si; está
aprendendo a se pacificar e a se libertar, livrando-se do pesadelo em que se
encontrava no além-túmulo, com a consciência pesada, assenhoreado pelo remorso
destrutivo. Retirando-se os casos de expiação, quando o ser extrafísico
necessita compulsoriamente reparar suas dívidas, pode também o espírito ser
portador de um corpo deficiente para ser submetido a uma prova, pedindo para
passar pelo sofrimento que lhe serve de impulso maior para a ascensão
evolutiva, como igualmente ter o objetivo de poder ajudar seus pais, parentes e
amigos, engolfados na atribulação, capacitando-os a se desprenderem com
facilidade do jugo material, tornando-os mais fraternos e mais tolerantes, abertos
para o encontro com a sua espiritualização e vivenciando com avidez o amor.
Em realidade, a disfunção cerebral é o
caminho da libertação espiritual, a cura para o espírito, a via para a
felicidade de um ser real dotado de natureza imortal que “estava morto e
reviveu, estava perdido e foi achado” (Lucas 15.32).
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