Cristianismo e social-democracia
A conclusão da
introdução escrita por Friedrich Engels (1820-1895), empresário industrial e
teórico revolucionário prussiano, que junto com Karl
Marx (1818-1883) revolucionário
socialista, nascido na Prússia,:fundaram o chamado socialismo científico ou marxismo, para a nova edição de As lutas de classes na França de
1848 a 1850, assim explicita:
“Faz hoje quase 1600 anos que no Império Romano atuava também um perigoso partido subversivo. Esse partido minava a religião e todos os fundamentos do Estado; negava sem rodeios que a vontade do imperador fosse a lei suprema; era um partido sem pátria, internacional, estendia-se por todo o Império desde a Gália à Ásia e mesmo para lá das fronteiras imperiais. Durante muito tempo minara às escondidas, sob a terra. Todavia, já há muito tempo que se considerava suficientemente forte para aparecer à luz do dia. Esse partido subversivo, que era conhecido pelo nome de cristãos, tinha também uma forte representação no exército; legiões inteiras eram cristãs.”
Vê-se que o cristianismo primitivo era revolucionário. Jesus tinha um espírito rebelde. O que ocorreu é que com a adesão das classes ricas e educadas, e a instituição do cristianismo como religião, o revisionismo foi crescente e cada vez mais o seu caráter revolucionário ou comunista foi se distanciando de suas origens. Contudo, apesar de todos esses pesares e esforços não conseguiram eliminar de Jesus o seu caráter rebelde.
Rosa de Luxemburgo (1871-1919), filósofa e economista marxista polaco-alemã, em um artigo O Socialismo e as Igrejas: O comunismo dos primeiros cristãos, copilado com o de Engels, editado no opúsculo Cristianismo Primitivo, assim se expressa:
“Os social-democratas desejam pôr em execução o estado de “comunismo”; é principalmente isso que o clero tem contra eles. Em primeiro lugar, é chocante notar que os padres de hoje, que combatem o comunismo, condenam, na realidade, os primeiros cristãos.”
John P. Meier, padre católico e estudioso bíblico norte-americano, em sua obra de cinco volumes, Um Judeu Marginal, o classifica assim, para que possibilite uma compreensão maior desse aspecto não conformista com o status quo vigente. Em várias passagens nos Evangelhos são mantidas essas características.
O mesmo Engels, no opúsculo Cristianismo Primitivo, afirma:
“A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno. Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma. Os dois, o cristianismo como o socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria.”
É
importante lembrar que a social-democracia dos tempos de Rosa e Engels difere
da dos dias atuais, pois pregavam um socialismo fundamentado na revolução.
Cristianismo Revolucionário e Espiritismo
O Cristianismo em seu aspecto revolucionário tem pontos de contatos interessantíssimos com o Espiritismo, principalmente com alguns personagens e a própria estrutura espiritual. E essa revolução começa na dimensão espiritual com a suspensão das comunicações incessantes entre os dois planos, tão logo as mensagens começaram a destoar com as práticas e opiniões do sacerdócio nascente, como bem relata Léon Denis, em sua belíssima obra Cristianismo e Espiritismo. Por outro lado, os representantes da hierarquia eclesiástica levavam uma vida de opulência e as revoltas camponesas começaram a espraiar-se em várias regiões da Europa. Kautsky a esse respeito esclarece:
“As doutrinas coletivistas e igualitárias das primitivas comunidades cristãs, registradas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, converteram-se em armas para os que, durante a Idade Média, apregoavam o confisco dos bens da Igreja e defendiam a pobreza voluntária dos cristãos, dado que Jesus e seus apóstolos nada possuíam.”
Isso será marcante em todo o processo histórico do Cristianismo, nos seus reconhecidos episódios revolucionários. Há de se ressaltar a participação de dois personagens importantes para o Cristianismo e o Espiritismo em suas trajetórias históricas: John Wycliffe (1324-1384) e Jan Hus (1369-1415). O primeiro, doutor em teologia pela Universidade de Oxford, pregava a necessidade de reformar a Igreja Cristã, censurar seus costumes, privilégios e exprobrava o fato de que ela e as ordens monásticas se tornaram proprietárias de vastas extensões de terra, cujo confisco advogavam. Já Hus, professor de teologia da Universidade de Praga, abraçou a doutrina de Wycliffe, ressaltava que nenhum homem podia ter autoridade sobre outros, e nenhum grupo ou instituição podia reivindicar especial santidade e conceder indulgências.
Jan Huss, em 1415, foi condenado à morte na fogueira. Em 1428, 44 anos após à morte de Wycliffe, o Concílio de Constança decidiu pela sua condenação. Wycliffe teve desenterrados os seus despojos e levados à fogueira.
Sabe-se que Jan Huss é uma das encarnações do Espírito Allan Kardec. A revelação sobre essa existência veio através da psicografia de Ermance Dufaux, em 1857. Fazer referências acerca de reencarnações desse ou daquele personagem é sempre temerário. O confrade Wallace Leal Rodrigues, através de estudos dos encadeamentos lógicos apresentados, mostra na introdução da obra Léon Denis na Intimidade, da Sra. Claire Baumard, que as existências de Denis e Kardec, são animadas pelos Espíritos de Wycliffe e Hus.
Aliás, a Reforma Protestante é um evento revolucionário que se unira às revoltas camponesas na Alemanha, no início do século XVI, que ocorreram realmente sob inspiração religiosa. Esse movimento, contudo, sob liderança de Thomas Munzer (1489-1525), logo ao perceber que as classes camponesas não sairiam ganhando nessa reforma, rompeu com Lutero.
continua....
Há um livro muito interessante do Reza Aslam chamado "Zelota", que descortina um período muito interessante desse período bastante obscuro para nós.
ResponderExcluirE, por mais que se pinte um cristianismo doce e consolador, dentro do movimento espírita, e conservador e castrador em movimentos cristãos religiosos tradicionais, cada vez mais entendemos que o Jesus Histórico é bem diferente.
Jesus não era COMUNISTA, se quiserem dize que era SOCIALISTA é inadmissível querer comprar a palavra SOCIALISTA, que se atribuía a Jesus, com a mesma palavra SOCIALISTA atribuída aos esquerdista que habitam este planeta. Pois esta palavas são meramente homônimas e homofonas, igual MANGA, aba de roupa, e MANGA, fruto da mangueira. Aos socialista que habitam o planeta, Jesus os denominaria FARISEUS. Penso que não seja producente a produção de pelos ideológicos em espaços como este.
ResponderExcluirCaríssimo!
ExcluirO que é ideologia? O que é comunismo? O que é socialismo? O que é Cristianismo? Responda-os e encontrará a resposta. Jorge Luiz