Esse momento vivenciado pela humanidade está longe de ser a primeira vez em que o mundo se vê numa arapuca. A diferença conceitual entre o problema atual e outros também graves é exatamente a universalidade da extensão, associada à vulnerabilidade da exposição. Apesar de haver determinadas condições que comprovam o risco muito maior para as camadas de vulneráveis sociais que se conta em bilhões, planeta afora, não há qualquer pessoa que se possa dizer isenta de ser abordada pela inoportuna visita microscópica.
Sem sofisma de qualquer natureza, é sensato observar que, muito mais desafiador do que alcançar consenso numa conferência em que se debate temas em divergência, a ausência de um debatedor no outro lado da mesa joga para o lado de cá todas as dúvidas, temores, possibilidades e planos. Na verdade só existe a luta no bloco humano, que se agita como faria um náufrago, enquanto do outro lado, o elemento considerado agressor apenas segue, sem estratégias, incapaz de dedução moral ou convencimentos, sendo apenas um vírus.
Nos primeiros anos do século XX, o adversário da vez era o vírus Influenza, com o nome de Gripe Espanhola. Estima-se que tenha alcançado um quarto da população mundial de infectados (500 milhões) vitimando mais de 10% desses. Foram anos, de angústia aqueles compreendidos entre janeiro/1918 e dezembro/1920, somando 03 anos de duração. Vencemos sem que se contasse com os aparatos científicos e sociais ora alcançados.
A vitória alcançada no século passado é mais que excelente presságio do que ocorrerá nos próximos meses. Trata-se de uma certeza: venceremos. Inexiste um vingador cruel. Há sim um ser vivo, cuja Tecnologia Genética está devassando e o controle sobre a sua ação é uma questão de tempo. Agora, menos tempo que no passado, se abandonarmos o modo velho de reagir aos novos tempos. E convenhamos que reagir à vacina é uma das práticas mais bizarras da história da Medicina Sanitária no Brasil, remonta às ameaças de morte que sofreu Oswaldo Cruz na Revolta da Vacina (1904). Simplesmente incabível e sinal de barbárie intelectual.
Muito próxima a data em que vencermos mais um ciclo de translação da Terra em torno do Sol. Os ciclos precisam se completar, isso faz parte da contagem do tempo de existência humana. Será que apenas envelhecemos mais um ano? Cumprimos apenas o que é inexorável, em meio há tantos que se foram vitimados pela doença? Ou será possível que tenhamos sido bafejados pela iluminação de um novo dia que desponta?
O momento histórico necessita de vitórias pessoais para que se alcance conquista coletiva. Desviar para além uma solução que importa à pessoalidade é negligência. É hora de jogar fora – negacionismo, proselitismo e fanatismo ideológico, falta de percepção de contexto, simplismo dialético, reversão científico-histórica, resistência ao pensamento crítico, moralismo punitivo. É tempo de empatia. De aceitar a Ciência. Do livre pensamento. E, apesar dos abraços estarem restritos em sua feição mais abrangente, é hora de treinar abraços diante do espelho para que abracemos com força a imagem da pessoa nova que pretendemos inaugurar quando for possível aglomerar outra vez, nem que seja em homenagem aos 1.671.772 (185.650 no Brasil) que partiram para o mundo espiritual.
Importante recado, ressaltando que o movimento espírita deve estar ao lado da ciência - ainda que com observações críticas, levando em conta a moralidade necessária. O que assusta, contudo, é que estamos vivendo um momento em que a política anda de braços dados com religiosos que utilizam a figura do Cristo de maneira a negar aquilo que é mais evidente, o que dificulta muito o trabalho de cientistas e pessoas conscientes.
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