O filósofo Friedrich Nietzsche argumentava que se a presença humana e sua cultura fossem varridas da Terra, não fariam falta. De certo modo, a afirmação está correta, mesmo que se considere o primeiro exemplar dos hominídeos, o Sahelanthropus Tchadenses, que viveu entre seis e sete milhões de anos atrás, até o presente momento, o tempo de evolução humana é ridículo. Se pegarmos a era do início das grandes civilizações antigas até agora, que representa o curtíssimo período de seis mil anos, a defesa de nossa significância fica mais difícil.
A partir desse ponto de vista, Nietzsche vai contra a ideia de cultura, e por consequência do sentido de evolução, pois para ele a cultura seria uma síntese de contradições que não representam a verdade e, assim, não têm valor por si perante o todo.
Na contramão do pensamento trágico de Nietzsche, o espiritismo tem a evolução como cerne principal em sua filosofia. Se a atual árvore de hominídeos sumisse, a homo sapiens, à qual pertencemos, outra tomaria seu lugar e se utilizaria de nossas conquistas. Entre o Sahenlanthropus Tchadenses e o Homo Sapiens estão registradas outras dezessete linhagens ligadas à evolução humana, cada qual com conquistas sociais e tecnológicas que alimentaram as posteriores, muitas delas, convivendo com outras linhagens. O Homo Sapiens conviveu com pelo menos outras três.
Na visão reencarnacionista espírita, o Espírito, através do tempo em suas experiências na carne (e fora dela), constrói-se a partir dos avanços próprios de cada Era. O tempo e a história, e a consequente cultura de cada época, sempre estão a favor do Espírito.
Outro filósofo, o alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, introduziu o método de dialética (tese x antítese = síntese), que é um modo de ver o mundo a partir de uma ação de evolução, pois uma síntese provoca automaticamente novo processo de análise entre tese e antítese, e assim sucessivamente. Para ele a razão é histórica e se modifica conforme o tempo e por isso os homens devem se mostrar dentro de seu tempo e por meio de suas realizações.
Num mundo em crise como o atual, em que entre as teses trágicas que nos são colocadas estão o esgotamento dos recursos do planeta, a apatia do ser humano em relação ao próximo, o consumismo, as incompreensíveis segregações sociais, e etc. não podemos esquecer que há muita gente em ação para melhorar o mundo. Se hoje não temos outras linhagens biológicas de hominídeos convivendo conosco, apontando caminhos evolutivos diversos, temos Homos Sapiens que enfrentaram as adversidades, deixaram-nos um legado positivo e de esperança.
Nós, espíritas, não podemos abraçar o trágico e enfraquecer a visão de um mundo melhor; há um expressivo guia de como devemos nos portar no processo evolutivo, que ocorre de forma individual e coletiva, que está encerrado na síntese poderosa e presente em todas as grandes religiões: amar o próximo como a si mesmo!
Como seria boa a aliança entre a filosofia materialista e a doutrina espírita. Cabe a nós construirmos essas pontes.
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