A maturidade vem me ensinando a pausar. A ser capaz de segurar um ímpeto, a guardar uma resposta impulsiva, a silenciar desaforos para depois transformar em palavras arrazoadas e firmes, como as rochas das convicções assentadas em princípios flexíveis.
Processo intrínseco de amorosidade interligada às descobertas do ser.
Neste equilíbrio de emoções entre razões pude ir concebendo pouco a pouco o sentido de uma necropolítica espírita.
Claro que foi assustador ter ouvido isso. Foi intenso, como tudo aquilo que remexe nossas sagradas cavernas. Como um balde de água fria na hora da tremedeira. E pausei.
Busquei negativas, como sói nestes casos de paixão por algo.
Mas encontrei vozes firmadas na defesa da ilusão fatal, que tem servido para aumentar a letalidade da pandemia em apoios políticos genocidas.
Sim, há uma necropolítica espírita nas vozes que alimentam a mentira sobre a pandemia e suas vibrações condenatórias, punitivas e politicamente inclinadas à direita que recusa ciência e prevenção, mesmo no estúpido instante do colapso hospitalar, que também aponta para um colapso funerário.
Não temos a responsabilidade majoritária sobre o genocídio aplicado no país, pois que esta se distribui em camadas por segmentos, mas infelizmente, nos encontramos enquanto referências com amplas responsabilidades neste cenário através das falas e escritas de médiuns.
Deste modo há uma necropolítica espírita em curso, arregimentando mentes fanáticas, fortalecendo narrativas virulentas contra a esquerda e com isso atrapalhando a compreensão real do momento pandêmico, principalmente no caso brasileiro.
Eis o que estimula o surgimento do pensamento livre! Eis a oportunidade de nos desfazermos das amarras e libertarmos a razão, o discernimento, para vivenciarmos o amor social e histórico sob a égide da responsabilidade coletiva, em defesa real da vida!
Se temos a desdita de identificar espíritas comprometidos com o genocídio brasileiro, continuemos a fomentar o amor incondicional pela vida em abundância que o Espiritismo sem pátria terrena nos descortina.
Nos posicionamos contra as políticas de morte de Bolsonaro, e repudiamos qualquer vínculo com suas representações.
Que o meio espírita brasileiro seja capaz de superar os limites classistas em nome do senso humanitário, ao menos.
O progresso não vem da morte, mas da vida em expressões de plenitude.
Talvez seja uma das mais dolorosas constatações, mas é verdade.
ResponderExcluirCom certeza. À reboque dessas constatações, muito para se discutir ante os propósitos da Doutrina e a missão dos espíritas. Jorge Luiz
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