Na linguagem simbólica que trata da queda do paraíso, descrita no capítulo 3 do primeiro livro do velho testamento da Bíblia, intitulado O Genesis, presumivelmente escrito por Moisés, a atitude de Adão e Eva seria punida de diversas formas. Uma dessas formas se sobressai por tratar basicamente da ação do homem e da mulher sobre a face do planeta e alude à necessidade básica da sobrevivência na nova realidade. No versículo 19 daquela obra está afirmado: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”.
Na consideração das palavras bíblicas antevemos a exortação à necessidade do trabalho como a forma de manutenção do corpo físico, ele que representa o pó da terra e é o veículo que o Espírito utiliza nos períodos de encarnação, saído do mundo espiritual, região de origem antes do nascimento e destino depois da morte. Pode-se deduzir que o Trabalho se constitui em uma das leis divinas.
No contexto do trabalho como uma Lei Divina. Allan Kardec alude ao tema no capítulo 3 da terceira parte de O livro dos Espíritos (As Leis Morais). A questão 675 amplia os horizontes do conceito de trabalho para além do entendimento limitado à atividade material e, portanto voltadas apenas para resultados pecuniários visando a exclusiva sobrevivência física. O texto se expressa como se segue: “Só devemos entender por trabalho as ocupações materiais? – Não; o Espírito também trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho”. Esse capítulo merece na íntegra, pois traz informações preciosas sobre a problemática que envolve o conceito de progresso baseado na capacidade de ocupação de cada pessoa.
As palavras dos amigos da espiritualidade permitem o entendimento de que é possível que o ser espiritual se ocupe na geração de novas oportunidades de tornar a existência mais equilibrada. O Trabalho não se trata unicamente de uma ação material, não obstante sua relevante importância na sobrevivência e no bem estar. Uma sociedade sadia realizaria esforço contínuo na construção de uma ponte que conectasse o produto das ocupações materiais aos avanços de conceito de dignidade humana e educação social.
Seguramente, o mundo exige o repensar das regras que criam oprimidos e opressores nas relações trabalhistas da atualidade. Trabalho oportuniza crescimento. Fundamental que sejam vencidas as heranças do utilitarismo escravagista para que nos enxerguemos como construtores de novas realidades, as quais dignificam o alimento sagrado que mantém o corpo e ao mesmo tempo enaltecem a cidadania, como legados materiais, de forma que haja espaço para, além da sobrevivência, as pessoas possam cultivar a sua espiritualidade.
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