Na parte 1/4 deste artigo reproduzi uma visão jornalística sobre as principais pandemias da história e sua letalidade. Prometi que na parte 2/4 eu problematizaria o assunto “castigo divino” e, na verdade, saí sem dar resposta. Nesta parte pretendo me basear na obra de André Luiz, sábio médico do Mundo Espiritual, psicografado por Chico Xavier, para apresentar prováveis causas espirituais para a COVID-19.
Começo enfatizando a questão do castigo, apresentada na questão 738 de “O Livro dos Espíritos”. Haveria castigo de Deus determinando uma pandemia? Resposta: Castigo há, apesar de que não vem de Deus, embora Deus saiba de tudo, permita tudo o que nos acontece, em razão do livre arbítrio e suas consequências... Enfim, não é Deus quem castiga, o homem castiga a si mesmo, neste caso a matriz causadora é o orgulho e o egoísmo humano.
Em uma realidade na qual o espírito é artífice de seu próprio destino, nossas escolhas determinam consequências. Do ponto de vista ético-moral-espiritual, equivale à lei de Ação e Reação da Física, que na ótica espiritualista se transforma na lei de Causa e Efeito. Plantamos ventos, colheremos tempestades. Plantamos destruição, colheremos destruição. Mas se plantarmos solidariedade, paz, cuidado, amorosidade; se eu disser a meu irmão “preocupo-me com você” e “o que posso fazer por você?”, colheremos tudo isto de volta e não mais pestes e destruição. No mesmo plano dos indivíduos estão as empresas, as organizações religiosas, as instituições e os países, em cujo diálogo os grandes líderes perguntassem: O que podemos fazer por vocês, irmãos da África, da Síria, da Índia (grande mais desigual), de Cuba (por que não?), do Haiti, das regiões paupérrimas do mundo e assoladas pelos conflitos?
Então orgulho e egoísmo dos maus, em oposição à omissão dos bons, que na verdade são todos filhos de Deus, originam a infelicidade, ficando bem claro que nos metros da terra será muito difícil medirmos quem é mau e quem é bom, pois muitas ações são praticadas no silêncio. Melhor ainda: Deus, com sua lei de causa e efeito, contabiliza tudo, é justo e vai dar a compensação perfeita a cada qual. Não precisa nos vexarmos em busca das premiações!
Mas vamos a André Luiz!
Do telescópio Hubble, a Terra é vista como nosso incomparável “Planeta Azul”. A harmonia do verde das matas com o azul dos oceanos, contrastando com o ocre dos desertos e ainda com o marrom das montanhas, o matiz branco dos picos nevados e das geleiras dos polos... Tudo isso confere à nossa morada um aspecto de paraíso. “Como é maravilhoso o mundo”, teve oportunidade de dizer o inesquecível gênio da música americana e mundial, Louis Armstrong.
Todavia, não é essa a visão espiritual do planeta. Avulta na obra do referido médico-espírito, transformado em repórter, que os pensamentos humanos, permeados de vícios e paixões degradantes, conferem às camadas espirituais mais próximas à crosta planetária uma cor de chumbo, cor de sombra, causadora de náuseas e mal estar para o espírito que dela se aproxima. Soma-se à massa de pensamento dos encarnados a matéria mental dos desencarnados que, nas regiões fronteiriças à crosta, também seria densa, vulgar.
Veja a explicação do Ministro Flácus, citado por André Luiz na obra “Libertação”:
“Mas... além do principado humano, para lá das fronteiras sensoriais que guardam ciosamente a alma encarnada, amparando-a com limitada visão e benéfico esquecimento, começa vasto império espiritual, vizinho dos homens. Aí se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que partilham, com as criaturas terrenas, as condições de habitabilidade da Crosta do Mundo. Seres humanos, situados noutra faixa vibratória, apoiam-se na mente encarnada, através de falanges incontáveis, tão semiconscientes na responsabilidade e tão incompletas na virtude, quanto os próprios homens.”
A ideia de “lugares baixos” (infernos) e de “lugares altos” (céus), não é de todo desprovida de sentido, considerando ponto de referência o núcleo da terra e não o firmamento de Ptolomeu.
Ao que seria a “atmosfera espiritual” a linguagem espírita chama de “psicosfera”. Pois bem, a psicosfera em torno da crosta planetária é doentia. Esferas mais felizes circundando a superfície, como a que abriga a cidade espiritual de Nosso Lar, estariam situadas na ionosfera. Questão de densidade: Enquanto a pedra bruta é puxada para o centro gravitacional do planeta, o perfume evola para o alto. Como céu e inferno não são propriamente lugares e sim estados de consciência, a palavra certa não é somente “circundando”, mas também “permeando”. Sim, um bom espírito circula por todas as camadas, felizes e infelizes, “altas” e “baixas”... e não perde a condição de alma feliz que é, embora as zonas “mais baixas” tenham características “sufocantes” para ele.
Detalhe: A ionosfera é vasta camada atmosférica, situada entre cerca de sessenta e mil quilômetros da crosta, se subdividindo em outras duas camadas, a mesosfera e a termosfera. Os benfeitores espirituais afirmam que Nosso Lar está em uma “altura que não podemos definir”, conforme nos esclarece o livro “Cidade no Além”, acrescido de uma referência direta no livro “Obreiros de Vida Eterna” sobre a desencarnação de Dimas.
Desta forma, Nosso Lar, como outras moradas dos felizes, não estaria apenas em localizações privilegiadas. Postos de socorro nossolarianos estariam espalhados ao longo de todas as regiões de sombras, prestando abnegado socorro às inteligências fracassadas.
Adolfo Bezerra de Menezes, por exemplo, conhecido na Terra como “médico dos pobres”, entidade abnegada e há muito tempo aclimatada às irradiações de Jesus Cristo (governador do nosso planeta), seria um desses espíritos que desistiram do “céu” para amparar o sofrimento nas regiões em que a dor calcina os aflitos da vida errática. Embora ele também desfrute permanentemente o céu da consciência tranquila e feliz.
Na obra “No Mundo Maior”, André Luiz compara essas regiões de dor, fronteiriças à crosta planetária, à “selva escura” a que se referiu o “médium” italiano Dante Alighieri, em seu livro “A Divina Comédia”. Sim, Dante foi médium. As descrições de André Luiz não corresponderiam integralmente às de Dante, mas alguns quadros guardam perfeita similaridade. Veja o que nos diz André na citada obra:
“Laceravam-me o coração as vozes lamentosas dispersas a se evolarem para o céu de fumo! Não, não eram lamentações apenas; à proporção que nos adiantávamos, descendo, modificava-se a gritaria; ouvíamos também gargalhadas, imprecações”.
E em outro trecho:
“Enquanto encetava a aplicação de fluidos magnéticos, o orientador aconselhou-me notar os característicos do quadro dantesco sob nossos olhos.”
E mais à frente:
“Estaríamos acaso alcançando a “selva escura, a que se referira Alighieri no poema imortal?”
Citação equivalente a esta última está no livro “Libertação”, através da qual André Luiz percebe quadros terríficos da natureza no Mundo Espiritual:
“Lembrando a “selva escura” a que Alighieri se reporta no imortal poema, eu trazia o coração premido de interrogativas inquietantes”.
E referindo-se a hordas de elementos semelhantes aos mais perigosos meliantes da Terra, no livro “Ação e Reação”:
“– Sim –, os assaltos dessa ordem são aqui constantes e inevitáveis, principalmente em torno das entidades que largaram cúmplices bestializados em antros infernais ou em núcleos de atividades terrestres. Em tais casos, as vítimas de semelhantes feras humanas desencarnadas padecem longos e inenarráveis suplícios, através da fascinação hipnótica de que muitos gênios do mal são cultores exímios.”.
Mais à frente, André Luiz se refere a espíritos vingadores que flagelam suas vítimas, quadros...
“...que alguns místicos do mundo, em desdobramento mediúnico, no reino das trevas, classificaram como sendo vastação purificadora. Para eles, as almas culpadas, depois da morte, experimentam horríveis torturas por parte dos demônios aclimatados nas sombras”.
Sim, animalidade, violência, impiedade, crueldade entre os ditos “vivos” que estabelecem sintonia com os chamados “mortos”. Essa é a realidade das zonas mais próximas à crosta planetária.
Essas “criações mentais” infelizes, se fossem postas sobre a humanidade sem uma neutralização por parte dos espíritos bons, gerariam doenças e suicídios de maneira interminável.
Mas quando são os homens que atraem essas inteligências perversas do espaço, pela lei das afinidades?! Como não haver uma associação entre uns e outras? E quando, pela prática de atos cruéis, o próprio homem atrai iguais do mundo extrafísico?! É a pergunta que fica para os leitores.
O espírito Neio Lúcio, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, compareceu semanalmente ao culto do evangelho no lar da família Joviano, em Pedro Leopoldo, da qual foi o patriarca, período 1935 a 1949. E deu constantes orientações práticas a seus tutelados. Tudo está no brilhante livro “Sementeira de Luz” e em outras obras sequentes. Interessante é que Neio Lúcio, do espaço, vai percebendo o momento em que ondas de pensamentos humanos mais desequilibrados se aproximam de seus protegidos e vai orientando procedimentos contra o que poderíamos chamar de "miasmas pestilenciais" de ordem espiritual. Neio vai recomendando a oração, a abstinência de fumo, de excessos alimentares, dentre outros, e também prescreve receitas homeopáticas.
Insistimos sobre o que foi dito acima: Esses miasmas pestilenciais, fruto das irradiações dos encarnados, juntam-se a outros miasmas produzidos pelos desencarnados.
No livro “Obreiros De Vida Eterna” é ainda André Luiz quem nos informa, em palavras equivalentes: A espiritualidade amiga combate essas formações doentias, que ocupam certas “regiões” da psicosfera terrena, ateando o que chamam de “fogo purificador”, dissolvente desses miasmas. Não estariam aqui os elementos da crença nos infernos como lugares em chamas?
Tudo isso revela o imenso esforço dos bons espíritos — que são as almas das pessoas de bem que perderam a veste corpórea — para nos protegerem de uma força terrivelmente destrutiva: A força dos nossos pensamentos desequilibrados, que se voltam contra nós mesmos. Enfim: Deus, através desses bons espíritos, tudo faz para que as reações dos nossos pensamentos doentios não atinjam a nós próprios, enquanto humanidade.
Nas pandemias, seja pelo aspecto cármico, seja pelo imperativo de evoluir, nossa interpretação é de que Deus nos entrega por alguns instantes A NÓS MESMOS, ÀS NOSSAS CONSTRUÇÕES MENTAIS DOENTIAS, para que saibamos o que é que estamos edificando no que tange à referida realidade paralela, chamada “vida no Mundo dos Espíritos”.
Se a destruição das matas, a poluição dos rios e mares desagregam animais e acionam perigosos vírus, a poluição mental e as más ações, a nosso ver, são a verdadeira causa de uma terrível pandemia como esta.
Ao longo dos séculos, as pandemias foram carreadas pela crueldade que as antecede e sucede. A gripe espanhola, por exemplo, aconteceu no período entre duas guerras cruéis. E agora a bondade divina vem dizer “basta!”, mais uma vez.
Entretanto, parece que só tenho interpretações e previsões lúgubres a fazer. Até agora falei apenas de morte, destruição, “demônios”, “quadros dantescos”... e isto não é a totalidade da concepção espírita. O grande diferencial da Doutrina Espírita é proporcionar a consolação, mediante a compreensão do futuro que aguarda o homem. Afirmam os imortais que o futuro é tão favorável ao homem que se ele pudesse antevê-lo negligenciaria o presente (questão 868 da obra fundamental). Pensaria mais ou menos assim: “Daqui a alguns anos será tão bom para mim que cruzarei os braços”. Por isso o futuro não pode ser revelado. Mas é possível prever a bonança que sempre sucede a tempestade. E grande esperança se descortina no céu.
Você me acompanharia na parte 4/4 deste artigo, portanto a última? Você vem dividir comigo essa esperança de dias melhores? Aguardarei com boa expectativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:[p1]
XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. No Mundo Maior. 21 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000.
XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Ação e Reação. 26 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Obreiros de Vida Eterna. 33 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.
XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Libertação. 31 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito Neio Lucio. Sementeira de Luz. 30 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003.
XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito Neio Lucio. Organizado por Wanda Amorim Joviano. Sementeira de Luz. 3 ed. Belo Horizonte: Vinha de Luz, 2008.
XAVIER, Francisco Cândido. CUNHA, Heigorina. Pelos Espíritos André Luiz e Lucius. Cidade no Além. ed. Digial. Araras: IDE, 2008.
[p1]As referências de livros e sites são colocadas de outra forma.
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