terça-feira, 18 de maio de 2021

UMA VISÃO ESPÍRITA SOBRE O COVID-19 E AS SUAS CAUSAS ESPIRITUAIS - FINAL

 


Chegou a hora, leitor amigo, de descerrarmos o véu que está impedindo o homem de nutrir esperanças ao longo dessa pandemia. Nesta quarta e última parte de nosso artigo, falarei que nem tudo é infelicidade. Direi que as almas enlutadas pela COVID-19 têm motivos para sorrir novamente. Demonstrarei que o grande medo do contágio e até o uso da máscara vão passar. Explicarei que, apesar de o saldo de mortos ser imenso e não menos doloroso para todos nós, a luz pode ser entrevista no fim do túnel. Na verdade não serei eu, propriamente, quem responderá por tudo isto. É a Doutrina da Esperança, ou seja, o Espiritismo, quem nos deixou tudo previsto, cabendo-nos unicamente interpretar com serenidade. E por sua vez a Doutrina Espírita, através da voz dos espíritos reveladores, veio com a missão de interpretar as parábolas e os ensinos de Jesus que não puderam ser explicados com detalhes à humanidade da época: É o consolador prometido por Jesus, cuja missão é ficar conosco para sempre, pois chegaremos ao dia em que os dois mundos se tocarão, Mundo Corpóreo e Mundo dos Espíritos.

Sim! “O Livro dos Espíritos”, em seu magistral espírito de síntese, possui um capítulo inteiro sobre as “Esperanças e Consolações”. Lá Kardec nos diz, por exemplo, “que o homem será feliz sobre a Terra quando a humanidade estiver transformada” (questão 921). É verdade que ainda não podemos gozar sobre o orbe terreno uma felicidade completa (questão 920). Mas sabendo-se que somos os artífices de nossa infelicidade (questão 921), mas também da felicidade que fruiremos, está em nossas mãos, ou, como diria a canção, só “depende de nós”.

Em seguida os espíritos nos oferecem um mapa de tesouro, revelando-nos a medida comum da felicidade humana: Posse do necessário, para a vida material; consciência tranquila e fé no futuro para a vida moral (questão 922). Será tão difícil praticarmos isto? Ou haveria negligência e má vontade de nossa parte? (os grifos são meus).

Outra senha nos é dada, através da questão 932, na qual Kardec pergunta “por quê, no mundo, os maus tão frequentemente sobrepujam os bons em influência”. E a resposta: “Pela fraqueza dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, dominarão”. Pergunta nossa: Não teria chegado a hora de as pessoas sinceramente comprometidas com o bem da humanidade formarem uma vanguarda, mesmo as mais humildes? Não seria a hora de valorizarmos mais o gari honesto do que o magnata desleal? Não seria também a hora de olharmos sem despeito para o homem rico, porém generoso, humilde e bom?

São tantas perguntas. Já não estamos passando da hora de trabalharmos definitivamente nos alicerces dessas sociedades de amor e verdade que Jesus chamou de “Reino dos Céus”?

Se pensarmos sinceramente nas famílias que estão sofrendo dia por dia a angústia de terem um parente em uma enfermaria do SUS, vitimada pela COVID-19; se refletirmos na ansiedade daquele paciente, que não vê as horas passarem, sem saber se morrerá, enquanto ouve gritos dos que morrem no leito ao lado; se analisarmos com sentimento, construiremos pelo menos uma Terra aperfeiçoada, caso não consigamos para logo a sonhada regeneração.

Não! Não sairemos da COVID tão impiedosos quanto entramos nela. Muitos passarão a ter sensibilidade para com a dor humana. Muitos farão uso da compaixão por toda a vida. E não importa que o egoísmo ainda tripudie das vítimas, pois como afirmou Mohandas Gandhi, em palavras equivalentes a estas, “o amor de um só é capaz de fazer face ao ódio de milhões”. Então não será preciso que todos sejam generosos, mas que alguns (quanto mais, melhor!) deixem de ser indiferentes e pratiquem a caridade.

Nenhum ato de crueldade será digno de comparação com o holocausto, durante a segunda guerra mundial. Mas a noite escura produz as mais rutilantes estrelas. Os sobreviventes até há pouco deram-nos aulas de inteligência e humanismo. Vários deles se tornaram emblemas de um mundo justo e fraterno, como o Dr. Victor Frankl. E pensar que, a certa altura, tanta era a dor nos campos de concentração que alguns buscavam o “fio”. O “fio” era a cerca eletrificada. O sofrimento fez muitos se suicidarem. Mas alguns resistiram, em nome dos amores que ainda possuíam na Terra. E esses alguns fizeram a diferença.

Tem sido badalada e desvirtuada uma fala de Francisco Cândido Xavier no programa Pinga Fogo, interpretada por Geraldo Lemos Neto. Diga-se, de passagem, que Geraldinho é gente da melhor qualidade e o caráter deve ser o mais alto penhor da verdade. Desde muito jovem, Geraldinho privou da intimidade do Chico... E fez-lhe perguntas que só podem ser atestadas por essa idoneidade de Geraldinho, já que não foram registradas em áudio ou vídeo, recursos que para a época eram raros, além de que Chico falou na intimidade. Mas o que impede de ser verdadeiro?

No Pinga Fogo, Chico afirmou, em outras palavras, que os espíritos da esfera crística (Jesus e outros da mesma envergadura), sensíveis ao fato de o homem terreno ter progredido em tecnologia, a ponto de ter chegado à Lua, reuniram-se em 1969 para tratar do avanço da Terra. E constatando que o progresso ético-moral-espiritual estava muito aquém do desenvolvimento intelectual-científico-tecnológico dos terrícolas, o amado mestre Jesus pactuou com os demais “cristos” uma moratória de cinquenta anos para a humanidade terrena. No auge da guerra fria e após duas grandes e sangrentas guerras armadas, restariam postas para o homem duas possibilidades antagônicas: a) As grandes e pequenas potências explodirem o globo em mais uma guerra descomunal, desta vez nuclear, ao que o próprio planeta responderia com cataclismos nunca vistos, de maneira que parte da humanidade sucumbiria, antes da destruição total do orbe; ou b) Conseguirmos passar sem tal guerra até 2019, ou seja, cinquenta anos após a reunião crística, e se tal acontecesse a humanidade alcançaria uma etapa de vertiginoso progresso.

A cada um o arbítrio sobre a revelação de Chico, a maior antena paranormal de sua época. Consideremos ainda, conforme Allan Kardec, que essas datas preditas pelos espíritos nem sempre serão exatas, apesar de que algumas pessoas previram, por exemplo, o dia de sua morte e o mesmo se concretizou. Mas... Por que 2019 viria coincidir com a data em que surgiu o maior fenômeno pandemiológico dos últimos cem anos e talvez um dos mais marcantes, senão o maior da história? Por que uma pandemia a mudar por completo a vida de toda a humanidade já por um ano e meio? Por que uma doença a desafiar todas as nossas conquistas científicas, acumuladas em milênios de evolução?

E terminamos com outras perguntas: Não estaria neste evento pandêmico a definitiva oportunidade de nos tornarmos o ambiente em que leão e cordeiro conviverão em paz? Sim! O cordeiro já é cordeiro; animal imaculado, vai ao matadouro sem um único berro. São aqueles que estão oferecendo a vida em holocausto, símbolo dAqueloutro que foi anunciado pela palavra profética de Isaías. Chegou a vez de nós, leões, amansarmos quanto à crueldade, egoísmo, indiferença, animalidade e todas as imperfeições que desornam nosso caráter.

Não falemos em mudanças impostas por leis, de fora para dentro do indivíduo. Façamos o próprio parto ético-moral, de dentro para fora, como o pinto que quebra a casca do ovo, ansioso por nascer. Aliás, há 2000 anos o apóstolo dos gentios sintetizou admiravelmente essa questão, na segunda epístola à comunidade de Corinto, capítulo quinto, versículo dezessete: “Portanto, se alguém está em Cristo é nova criatura”. E se não nos tornarmos novas criaturas, dotadas de compaixão, de caridade? A resposta é muito simples: Não estaremos em Cristo, de verdade! Não há como escamotearmos com as Palavras de Vida Eterna. Ser ou não ser: Eis a questão.

O ambiente era a UTI de um desses hospitais de Fortaleza. A paciente estava internada, infectada com a COVID-19, e certamente o medo a tomava por inteiro. A amiga mandou-lhe uma foto de Dr. Bezerra de Menezes. Lembram-se do amorável médico cearense referido por nós na parte 3/4? A cabeleira branca como neve e uma olhar transbordante de ternura do ancião conferem-lhe um ar de patriarca judeu, de irresistível bondade. Difícil não sentir o amparo daquela alma sublimada no bem. Então a paciente respondeu que aquele mesmo ancião tinha estado junto a seu leito, na madrugada, e que tinha lhe falado: “O problema não é a COVID. A questão principal é focarmos no amor do Cristo e em seu Evangelho.”

Meus queridos e minhas queridas, não sei se vou conseguir esse foco. De um salto não conseguirei. Mas que vou fazer tentativas, isto vou! Venha comigo, de onde você está, seja qual for sua posição. Fortaleça-me com sua fibra, que lhe fortalecerei com a minha.

É também Dr. Bezerra quem recorre a um provérbio milenar: “Fácil quebrar um graveto, mas é quase impossível quebrar um feixe de deles”. Vamos formar esse feixe! Não adiemos! Um grande abraço!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Salvador Gentile; rev. Elias Barbosa. ed. 87. Araras: IDE, 2008.

FRANKL, Victor E. Em Busca De Sentido: Um psicólogo no campo de concentração. Ed. 35. Petrópolis: VOZES, 2018.

Um comentário:

  1. A grande falha nossa foi termos nos preocupado com acúmulo de capital e termos deixado de lado que o melhor investimento que existe é em pessoas: saúde pública, especialmente a preventiva, o que passa tambémpela educação de qualidade.

    Quando finalmente iremos acordar para isso?

    ResponderExcluir