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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discutir o aspecto religioso
do Espiritismo não é tarefa fácil, aliás trabalhar com o conceito de religião
também não o é. De um lado, a indefinição sobre o aspecto religioso do
Espiritismo em meio a uma disputa de ideias que perfazem mais de um século e meio,
do outro, a dificuldade de tratar o conceito de religião. Como se viu, os
limites estabelecidos para dizer o que é ou não religião passam por um vasto
leque de concepções, navegando entre duas etimologias possíveis, o relegere e o religare; uma
de origem romana, voltada para a adoração de diversos deuses, e a outra
reconceituada como cristã. A religião não fica, porém, somente entre essas duas
concepções, passando por outros pensamentos que poderiam se dizer intermédios
ou, como disse Benson Saler, com “características típicas às quais associamos
no nosso modelo geral de religião do que outras”, estabelecendo lugares mais ou
menos “religiosos” (SALER, 2000, p. xiv). Praticamente todos esses conceitos
podem ser englobados na afirmação de Geertz, de que todas as religiões se
revestem de uma aura de fatualidade, dada por rituais que seriam, segundo ele,
sua motivação central. (GEERTZ, 1978, p. 67).