Por Roberto Caldas
A oração ao Pai Nosso, supostamente recitada por Jesus pode ser encontrada nos evangelhos de Lucas e Mateus. É provável que seja a mais repetida evocação de nossos dias. O seu conteúdo, responsável por centenas de textos e interpretações, tem sido importante material de discussões e ensinamentos espirituais.
Antes da interjeição final solicitando que se desse cumprimento, Amém, Jesus teria deixado instigante solicitação: “Livra-nos do mal”.
Entender o que é o Mal se torna forçoso, se a intenção for evitá-lo. E talvez seja finalmente a INTENÇÃO que o torne real. Afinal, não parece razoável que Jesus apontasse o mal as situações indesejadas ou problemáticas que sugerem as provações da existência. Uma leitura das palavras do Mestre e fica claro que Ele considerava que os verdadeiros perigos se encontravam dentro das pessoas e não os desafios que lhes instigavam às soluções.
O Mal tem a disposição de tornar alguém que o pratica uma pessoa má. Isso não apontaria para a suposta condição de imperfeição, pois essa seria responsável em tornar à pessoa alguém imperfeito. E a condição de “pessoa má” difere completamente de condição de “pessoa imperfeita”. Jesus não pediu que fôssemos livres da imperfeição, sim livres do mal.
A imperfeição infere em cometer falhas no processo de convivência, o que é muito natural àquele que ainda falte a competência, em qualquer campo, em realizar algo. E enseja que uma vez capacitado é possível corrigir o equívoco. A maldade é uma deformação do caráter e tenciona mobilizar meios para produzir constrangimentos e aflições, de forma propositada e planejada àquele considerado adversário ou inimigo.
O Livro dos Espíritos (120 e 121) sobre esse tema: q.120. “Todos os espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem? – Não pela fieira do mal, mas pela da ignorância! q.121. Por que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem, e outros, o do mal? — Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade”.
A ignorância conduz à imperfeição, a qual se aplaca paulatinamente enquanto se aprende. A maldade é corrosão que flagela o pensamento e a atitude levando às grandes calamidades da humanidade. O imperfeito se corrige, o mau se delicia em ofender, delinquir e prejudicar a convivência pacífica. O primeiro acaba compreendendo a necessidade de modificar-se. O segundo culpa as circunstâncias e os outros pela sua infelicidade e ofende reativa e continuamente a sociedade.
Jesus expressou o desejo na sua oração “Livra-nos do mal”, sabendo que a luta do perdoar e perdoar-se seria uma luta constante para as nossas imperfeições. O pedido aos céus era para que nos precatássemos do ensejo infeliz de tornar-nos pessoas más.
Que possamos repetir com o Mestre de Luz: Senhor livra-nos do Mal. Assim seja (Amém)!
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