Por Roberto Caldas
Dizem que João, um dos mais reconhecidos discípulos de Jesus, nos anos de sua ancianidade passou a adotar um discurso monocórdico, não significando monótono, mas conscientemente repetitivo.
Àqueles que o procuravam, com inúmeras solicitações e petitórios, João ensinava com voz pausada, tranquila e reflexiva: “Jesus ensinou que amássemos uns aos outros”. Utilizava essa melodia espiritual como curativo polivalente para todas as feridas. Essa talvez seja a razão de ter-se tornado conhecido como o Apóstolo do Amor.
Na conturbação dos dias modernos do século XXI, nunca foi tão necessário reviver a experiência do querido amigo que conviveu de forma íntima e amorável com o seu mestre até o último suspiro na cruz.
Na atualidade, infelizmente vivemos o escárnio do amor, Não apenas pelo ódio que extravasa nas ruas e compele à violência, mas principalmente por algo que consegue ser muito mais tóxico que o ódio, que é a indiferença, o não se importar com o outro, a incapacidade da empatia.
A sociedade humana, no entanto assumiu uma arquitetura que propicia uma postura completamente contrária a essa que é exibida em todos os tempos mudando-se apenas as ideologias que alimentam a animosidade. A sociedade exige inter-relação, complementaridade de vocações e habilidades. Para viver carecemos do outro, dos outros, de uma multidão de outros. É exatamente o que nos ensina O Livro dos Espíritos (q. 768): “O homem, ao buscar a sociedade, obedece apenas a um sentimento pessoal ou há também nesse sentimento uma finalidade providencial, de ordem geral? – O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer não possui todas as faculdades, precisa do contato dos outros homens. No isolamento ele se embrutece e se estiola”.
Fôssemos um pouquinho mais inteligentes emocionalmente, e torceríamos pelo nosso time fazendo festa com os torcedores adversários, sem importar o resultado ao final da partida; aproveitaríamos os pais vivos para demonstrar gratidão e afeto; confraternizaríamos com os irmãos consanguíneos acima das diferenças; faríamos das casas dos amigos extensão das nossas; dividiríamos informações com os concorrentes; abraçaríamos mais os nossos filhos e lhes diríamos que os amamos.
Sim! Namoraríamos além do período da sedução. Aproveitando todas as oportunidades para falar de amor com aqueles que dividimos espaço e tempo. Nas datas comemorativas, nada de presentes comprados, necessariamente: um abraço, um sorriso, uma flor, uma gentileza a mais e se poeta for, quem sabe uma poesia enaltecendo o amor.
A propósito do amor, é possível transformar o mundo num local de viver-se bem, com todas as formas de amar, de Eros a Ágape. O amor torna as pessoas amáveis e amoráveis e torna a vida mais leve. Amar e viver o amor com as pessoas que nos cercam torna a vida colorida, fluida e nutritiva. Benditos sejam aqueles que amam, diria João, o Apóstolo amado.
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