Por Américo Domingos N. Filho
Quando é abordado o tema da “imortalidade”, em um encontro de pessoas, é comum a exposição de relatos de casos pessoais concernentes à presença insofismável de seres desencarnados, atestando a sobrevivência do ser após a morte do corpo físico.
Na seara científica, existem incontáveis demonstrações de comprovação da imortalidade e muitos pesquisadores, em todas as épocas, sempre expuseram suas comprovações em relação ao tema em tela. Um deles, identificado como um dos proeminentes precursores, na Europa, foi exatamente um sábio inglês, considerado o maior expoente científico de sua época, William Crookes, descobridor do tálio, inventor do radiômetro, bem como dos tubos eletrônicos de catódio frio para a produção de raio-X, transformando a ciência ao ponto de proporcionar métodos precisos e rápidos de diagnóstico médico e o surgimento da televisão e dos monitores de computadores.
Foi conceituado cientista, outorgado com o título de “Sir”, solene tratamento destinado aos cavaleiros da Ordem do Império Britânico, como também com o recebimento da prestigiada Ordem do Mérito. Presidiu a British Association for the Advancement of Science, a Royal Society of London e foi editor do Quaterly Journal of Science.
A par de todas as honrarias recebidas, chamou muito a atenção da comunidade científica por se prestar arduamente nas pesquisas do campo da paranormalidade, tendo sido destacado membro e presidente da Society for Psychical Ressearch (Sociedade para a Pesquisa Psíquica), atraindo para esse notável estudo muitos cientistas de renome internacional.
Esse ilustre químico e físico teve a oportunidade de pesquisar uma jovenzinha de 15 anos, Florence Cook, médium de ectoplasmia responsável pela materialização de uma entidade espiritual, a qual se identificou como Katie King, constituindo o seu importante trabalho em indubitável demonstração científica da imortalidade.
Durante três anos, Crookes submeteu a sensitiva a inúmeras investigações e experiências em sua própria casa, imobilizando suas mãos por meio de cordas, cujos nós e laçadas eram costurados e selados. Uma firme correia era passada em sua cintura. O célebre cientista utilizou métodos rigorosos, inclusive passando uma corrente elétrica pelo corpo da jovem, ligada a um galvanômetro que registraria os seus menores movimentos. Foram tomadas por Crookes severas medidas para evitar qualquer tipo de fraude.
Em artigo no periódico The Spiritualist, o afamado pesquisador relatou a veracidade da presença espiritual, de imediato, quando observou a médium e a entidade materializada concomitantemente, comprovando serem duas criaturas independentes. Assim se expressou:
“Elevando a lâmpada, olhei em torno de mim e vi Katie, que se achava em pé, muito perto da Srta. Cook e por trás dela. Katie estava vestida com uma roupa branca, flutuante, como já a tínhamos visto durante a sessão. Segurando uma das mãos da Srta. Cook na minha e ajoelhando-me ainda, elevei e abaixei a lâmpada, tanto para alumiar a figura inteira de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu via, sem a menor dúvida, a verdadeira Katie, que tinha apertado nos meus braços alguns minutos antes, e não o fantasma de um cérebro doentio. Ela não falou, mas moveu a cabeça, em sinal de reconhecimento. Três vezes examinei cuidadosamente a Srta. Cook, de cócoras, diante de mim, para ter a certeza de que a mão que eu segurava era de fato a de uma mulher viva, e três vezes voltei à lâmpada para Katie, a fim de a examinar com segurança e atenção, até não ter a menor dúvida de que ela estava diante de mim (...) Antes de terminar este artigo, desejo salientar algumas diferenças que observei entre a Srta. Cook e Katie. A estatura de Katie era variável: em minha casa a vi maior 6 polegadas do que a Srta. Cook. Ontem à noite, tendo os pés descalços e não se apoiando na ponta dos pés, ela era maior 4 polegadas e meia do que a Srta. Cook e tinha o pescoço descoberto; a pele era perfeitamente macia ao tato e à vista, enquanto a Srta. Cook tem 47 no pescoço uma cicatriz que, em circunstâncias semelhantes, se vê distintamente, sendo áspera ao tato. As orelhas de Katie não são furadas, enquanto as da Srta. Cook trazem ordinariamente brincos. A cor de Katie é muito branca, enquanto a da Srta. Cook é muito morena. Os dedos de Katie são muito mais longos que os da Srta. Cook e seu rosto é também maior. Nas formas e maneiras de se exprimir há também diferenças assinaladas”. (1)
Na última aparição de Katie King, a médium, completamente desperta, conversou com a entidade, o que demonstrou definitivamente para o cientista que eram duas individualidades bem distintas e, apesar das zombarias dos seus incrédulos colegas da British Association, Crookes atestou para o mundo científico a realidade da dimensão espiritual e a presença viva e atuante de seus imortais integrantes: “É uma verdade indiscutível que uma conexão foi estabelecida entre este mundo e o outro”. (2)
Seguintes demonstrações de comprovação da imortalidade
Muitas pessoas, através do fenômeno da materialização de seres extrafísicos, igualmente se cientificaram da veracidade espiritual. Uma delas foi o conceituado pesquisador César Lombroso, médico, antropólogo e “pai da criminologia”, o qual comprovou a autenticidade dos fenômenos e converteu-se ao Espiritismo, do qual era adversário, através da médium italiana de efeitos físicos, Sra. Eusápia Paladino, muito conhecida por ter sido corroborada sua mediunidade por famosos cientistas, tais como Alexandre Aksakof, Charles Richet e outros. Muitos outros pesquisadores, como Lombroso, eram adversários do Espiritismo, mas se renderam à evidência dos fatos, confirmando a imortalidade dos espíritos.
O famoso cientista italiano compareceu céptico à sessão e foi surpreendido com a presença de sua mãe materializada. Lombroso vê o espírito de sua genitora. Ouve-lhe a voz e sente o seu contato, fato que se repetiu anos depois. Emocionado, assim escreveu em sua crônica, no jornal, retificando sua descrença à Doutrina Espírita: “Nenhum gigante do pensamento e da vontade poderia me fazer o que fez esta mulher rude e analfabeta: retirar minha mãe do túmulo e trazê-la aos meus braços”. (3)
Outro ser que, certamente, tinha todos os motivos de trazer à tona a certeza da imortalidade dos espíritos, foi o Sr. Frederico Figner, emigrante tcheco de ascendência judaica, introdutor do fonógrafo no país, sendo proprietário da conhecida Casa Edison, no Centro do Rio, e honrado, post-mortem, com o merecido título de “o mais brasileiro de todos os estrangeiros”. Estando desolada a esposa com a desencarnação da filha primogênita, embarcou com a família em direção ao Estado do Pará, onde, em Belém, vivia uma conhecida médium de ectoplasmia, a qual poderia, através de seus recursos mediúnicos, lhe ser útil.
A sensitiva, Sra. Ana Prado, tornou-se pioneira dos fenômenos de efeitos físicos no Brasil, colaborando para que a perpetuidade do ser espiritual fosse reconhecida e divulgada. Era submetida a uma fiscalização minuciosa e, algumas vezes, trancada em uma gaiola, as entidades manifestavam-se externamente, o que foi reproduzido em outros locais e com o mesmo êxito.
Além das fotografias das materializações, eram produzidos moldes em parafina de flores, mãos e pés materializados. O fenômeno foi amplamente divulgado pela imprensa, contribuindo para o conhecimento irrefutável da presença do Espírito imortal.
Segundo o testemunho de Figner, a materialização de sua filha Raquel foi primorosa. Afirmou que a jovem
“se apresentou com tanta perfeição, com tanta graça e tão ela mesma, com os mesmos gestos e modos, que não pudemos conter nossa emoção e todos, chorando, de joelhos, rendemos graças a Deus, por tamanha esmola. Era Rachel viva, pronta para ir a uma festa. A sua cabeça erguida, os seus braços redondos, o seu sorriso habitual, as suas bonitas mãos e até a posição destas, toda sua exatamente como era na Terra. Falou à mãe, pedindo-lhe exatamente que, na próxima sessão, viesse toda de branco como desejava e aí estava materializada”. (4)
Outra criatura, presenciador da imortalidade, foi, certamente, um delegado chamado Ranieri. Muitos seres tiveram o privilégio de ouvi-lo, contando o que ele assistiu nas sessões de materializações, já que desfrutou da feliz oportunidade de conhecer dois abnegados e estimados médiuns de ectoplasmia, Francisco Lins Peixotinho e Fábio Machado. Através das faculdades mediúnicas de efeitos físicos de Peixotinho, sua filha Heleninha, materializada, colocou suas extremidades em parafina em ebulição, às quais foram ofertadas ao pai, extremamente emocionado. Igualmente, apareceu um letreiro luminoso, estampando o nome: Heleninha, o qual era desconhecido de todos os participantes da sessão.
Quando compareceu às sessões de efeitos físicos, em outra cidade e, através de outro médium, exatamente o Fábio, constatou que as mesmas entidades que se apresentavam pelo Peixotinho, também se mostravam por ele. Eram, segundo o Ranieri, as próprias, com as mesmas falas e igual vigor. Afirmou que
“o espírito Zé Grosso era o mesmo Zé Grosso, com a mesma voz trovejante e alegre, a mesma vivacidade, a mesma inteligência e a mesma capacidade de improvisação de quadras que é a sua especialidade. Medido, visto, observado, apresentava a mesma estatura e os mesmos modos. A Scheilla era também a mesma Scheilla, falando com voz de mulher alemã, com sotaque alemão (...) Eu reencontrara através de um médium que não conhecia o Peixotinho, que não assistira às suas reuniões, que não conhecia aqueles espíritos, os mesmos espíritos, com as mesmas atitudes e maneira de falar, o mesmo temperamento, o mesmo intelecto”. (5)
Certamente, muitos seres endurecidos na incredulidade, através da aprovação do fenômeno da mediunidade, proclamarão a realidade da sobrevivência do ser após o falecimento do corpo físico. Serão testemunhas do fenômeno da imortalidade, assim como aconteceu com os discípulos de Jesus, comunicando-se com o Mestre materializado, prova magnânima da presença do ser espiritual e de seu despertar no além-túmulo, vitorioso, vencendo a morte.
Bibliografia
1- Crookes, Wiliam, Fatos Espíritas, FEB, págs. 46-47.
2- Rodrigues, Wallace, Katie King, O Clarim, pág. 15.
3- Annais of Psychical Science, Vol. VII (1908), pág. 376.
4- Farias, Raymundo N., O Trabalho dos Mortos, FEB, pág. 225.
5- Ranieri, A. R., Materializações Luminosas, LAKE, págs. 43-44.
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