Por Roberto Caldas
O mundo é plural e os sistemas que mobilizam os esforços individuais e coletivos retratam a alma de uma época. Entre outros conceitos entenda-se a palavra SISTEMA como “conjunto de princípios verdadeiros ou falsos reunidos de modo que formem um corpo de doutrina”, segundo Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
Faz parte da rotina de convivência que, a partir da própria realidade familiar, as pessoas costumem se associar para realizar projetos em comum. Formam-se equipes, grupos e associações, nos quais há um pensamento motivador compartilhado. A eventualidade de poder-se perfilar esforços no entorno de doutrinas, cujos princípios possam flertar sob a essência da falsidade deve acionar uma luz de alerta àquele que consiga se perceber dotado de intenções honestas a respeito de si e tenha respeito pelo outro.
Há muitas maneiras de aprofundar análises em torno de conteúdos que conseguem arregimentar multidões. Apesar do senso em comum dos grupos constituídos há, como origem da adesão, o consentimento moral, ético e intelectual das individualidades. Seguir uma ou outra orientação geral não absolve a condição inequívoca do exercício do livre arbítrio.
A prática de um alinhamento doutrinário demonstra a qualidade de uma comunidade, mas também aponta a responsabilidade do indivíduo que se alinha. A defesa de um ponto de vista requer compromisso com as consequências que se materializam pelo exercício das ideias.
Mercê das imperfeições dos habitantes da Terra, e por ainda vigorar o mal no seio da humanidade, é comum que prosperem doutrinas e sistemas que exigem se descubra o que importa para cada um. Na linguagem de Jesus, a decisão de a quem servir, pois Ele sabia haver sistemas ligados a Deus e a Mamom, conforme a sua própria terminologia. Necessário o reconhecimento das muitas realidades existentes. Igualmente necessário que se tivesse a capacidade de não torná-las “realidade única” evitando assim de ficar mudando posturas como se muda de roupa.
O alinhamento de ideias é resultante da trajetória de aprendizados trazidos no inconsciente tardio em associação ao aculturamento da atual existência. A base do processo está impresso no espírito de sobrevivência, instinto que dirige os impulsos de cada pessoa.
A defesa de um ou outro sistema é que gera a variedade de grupos. A clarividência do que importa a cada um defender é que torna o mundo plural, desperta as inteligências. É possível que jamais se alcance unanimidade na forma de pensar e essa realidade é que permite à sociedade se desenvolver deslizando entre as tantas correntes do pensamento.
Sopesar o que move a escolha das ideias e ideais que engajam as atividades humanas exige o esforço de saber de si e das próprias necessidades. Mais do que isso. Amplia o entendimento da convivência coletiva para quem sabe pensar o bem comum como uma forma de fazer o bem a si mesmo. Afinal parece que a arte do DAR e o RECEBER fazem parte de uma mesma ação. E essa arte, em se sobrepondo aos sistemas, consolidaria a amizade e o cuidado mútuo entre pessoas que pensam diferente. Parece simples e talvez seja simples mesmo.
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