segunda-feira, 28 de novembro de 2022

A PALAVRA É AÇÃO

 

 

Por Roberto Caldas

Nenhuma outra menção seria melhor para iniciar essa conversa, senão a PALAVRA de Jesus. É em Lucas (VI; 45) que o Mestre se pronuncia dessa maneira:” O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque sua boca fala do que está cheio o coração”.

            Muitas controvérsias nos alcançam, nas discussões que ocupam os espaços sociais, sobre a importância das palavras, opiniões e ideias que produzem os debates dos novos tempos. Alguns entendimentos mais antigos que davam autoridade ao poder de um acordo firmado verbalmente parecem não mais regular o carimbo de dignidade que conferia caráter e confiabilidade ao discurso.

            Engana-se quem intenta utilizar a linguagem sem se responsabilizar pelo comprometimento que deriva do que fala. É de lamentar que se possa modificar o sentido embutido em um discurso investindo em culpar a interpretação daqueles que o escutam. Certo que a interpretação alcança individualmente às pessoas, mas o emissor precisa assumir completamente a responsabilidade daquilo que emite.

            A vibração fonética é uma das maneiras mais efetiva de comunicação entre encarnados. Trata-se da expressão mais usual do pensamento, forma essa utilizada no mundo espiritual, onde não há as cordas vocais para sonorizar nem o ar para a propagação das ondas. Logo, falar expressa a linguagem do Espírito, o que Jesus remete ao termo coração. Na realidade a boca fala daquilo que a mente está povoada.

            Palavras ditas são incentivos verbais que geram edificações em vários níveis dos compromissos de cada pessoa. Não se fala em vão. Há motivações que norteiam e são elas que tornam possível a vocalização dos contextos interiores. Cuidar da palavra é sinônimo de cuidar do pensamento.  O respeito devido aos outros é imperativo que deveria ser lição norteadora para a forma verbal que decidimos lhes dirigir, naturalmente com educação e gentileza.

Há palavras que produzem verdadeiros paraísos interiores em quem as escuta. Outras são potentes armas de destruição do campo interior. Algumas são inspirações que induzem à criação de clima de harmonia e concórdia. Outras escondem intenções e projetam ações que desqualificam a condição humana gerando discórdia e desrespeito.

Na prática, as palavras são ações, pelo conteúdo, volume e amplitude.  Têm peso e consequência de ação. Geram consequências. Constroem e destroem. Emitem vibrações materiais e invisíveis. Criam clima de convivência e ambiência de vinculação espiritual.

Antes de falar, em qualquer circunstância e ambiente, convém refletir. Consultar o coração e mente. Avaliar o quanto se pode construir projetando a voz. Palavras que constroem suavizam a mente de quem fala e enobrece a alma de quem escuta. E, se perceber que as palavras podem carregar torpeza, leviandade e preconceito, talvez seja eficaz silenciar enquanto cuida da saúde interior antes de se dirigir ao outro. Essa a lição que Jesus nos traz ao falar da palavra. Importa saber o que nos preenche o coração. 

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