"O pensar só começará quando tivermos experimentado que a razão, venerada desde há séculos, é a mais obstinada opositora do pensar. " HEIDEGGER,
Por Mário Portela
Hoje, como rotineiramente faço, recorri a filosofia para entender o existir. Meu Eu ainda é, por demais, fragmentado e trago ainda muitas dúvidas sobre minhas escolhas. Na manhã dessa segunda-feira recebi inúmeras mensagens. Amigos, doadores, leitores e ouvintes vieram até mim para externar o que sentiam. Alguns esbanjando felicidade ante a um futuro ainda não construído, outros traziam o descontentamento, fruto de um presente difícil de se elaborar. A democracia tem essa nuance, acreditamos demais que a voz do povo é a voz de Deus e ao final, infelizmente, parece que a divindade ouve alguns e a outros, não; como torcida de futebol, que no clamor da paixão roga aos deuses para que seu time seja vitorioso, esperamos a conquista e rechaçamos a derrota.
O Brasil é um país jovem, atravessado por inúmeros problemas sociais. Nossas dores sociais remotam ao início de nossa história, construída, desde de sua formação, com muita opressão e barbárie. De lá para cá, muito embora tenhamos evoluído consideravelmente, ainda cultivamos um comportamento belicoso e revanchista. Isso é ruim para formação de identidade de povo, dificulta nossa sensação de pertencimento. Não é à toa que estamos tão divididos, com fissuras espessas nas paredes dos relacionamentos.
Escrevo-lhes para pedir trégua. Precisamos deixar de lado nossas querelas individuais e pensarmos no coletivo. Há uma quantidade enorme de pessoas que precisam de nosso apoio. Entendo que o sabor da "derrota" traz consigo o ressentimento, o luto, desestimulando acreditar no humano e abrindo portas para a revolta e o pensamento de que não vale mais ajudar no trabalho social e que esse função agora cabe ao novo governo. Compreendo, também, que o gosto da "vitória " traz uma euforia egóica que me faz transbordar de "alegria" me fazendo escarnecer o lado derrotado. Mas o momento pede cautela. Precisamos de união. Já estamos há tempos refém do medo e do ódio e não podemos mais viver sob essa égide sombria. É preciso seguir, semear um mundo possível. Toda mudança na humanidade começa primeiramente em nós. Deixemos de cultivar o ódio, deixemos de escarnecer o próximo, pensemos como um só povo, uma só nação. Temos tanto a fazer, a construir. Não permitamos que nossas ideologias políticas partidárias possam nos afastar. A um caminho possível que nos conduz a ética e ele começa na alameda de nossos corações.
HEIDEGGER estava certo, quando de posse da razão cristalizada, perdemos a capacidade de pensar e mais, perdemos, também, a capacidade de sentir. O que será de nós sem a sensibilidade, sem a empatia? Triste nos deixamos levar pela revolta; felizes nos deixamos conduzir pelo o escárnio. Pobre homem que, ainda infantil, acha que a vida não passa de um jogo de contendas.
O tempo urge, brasileiros/as. E uso esse vocativo para lembrá-los/as de vossas identidades. Assumam suas funções na luta de uma mundo novo. Instruamo-nos mais, trabalhemos mais. Juntos somos mais fortes e podemos, se quisermos, diminuir o preconceito de todos os tipos, a desigualdade que golpeia com violência. Pensemos sobre nosso papel no mundo. O projeto Aretê continuará trabalhando firmemente na construção de um novo amanhã e precisamos da ajuda de todos vocês.
Ab imo pectore!
Eu entendo a orientação de pacificar. Todavia, resguardo em mim o momento do deleite. Não doentio, mais humorístico da melhor desforra que ainda carrego dentro de mim. Penso. Foram muitos momentos de sofrimentos para de uma hora pá te a outra apagar a dor. Ela existe, ela é real. Persiste. Não alimento o ódio, mas guardo pra mim momentos de alegrias. Não perco a responsabilidade da construção social, estou a postos, estou pronto. Mas,com muito humor.
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