quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

CURA DAS FERIDAS

 


 

 Por Roberto Caldas

A trajetória de cada pessoa é uma viagem ímpar. Passado o momento de preparação, cujos eventos acontecem ainda no âmbito do mundo espiritual e vencido o período de gestação, eis que se defronta com o primeiro grande desafio – nascer.

            Se os profissionais da ciência médica tivessem a noção da importância dos embates que o bebê enfrenta enquanto experiência a passagem do útero para o mundo exterior talvez não incentivassem os partos cirúrgicos, quando não necessários à preservação da saúde da mãe e da criança. Esse trajeto é importante capítulo que fica gravado na memória inconsciente da pessoa e auxilia silenciosamente a sua capacidade de superação de problemas durante todo o seu tempo de encarnação.

            Aprender a caminhar, falar e ler são tarefas que exigem aplicação, repetição e disciplina, e de resto todo processo de aprendizagem intelectual é constante apelo ao esforço. Considere-se que todas as precocidades, que evocam a ideia de serem dons da natureza na realidade são conquistas de outras existências, nada há de gratuito nas aquisições humanas.

            Vivenciar a infância, ainda com a mente anestesiada das tendências das vidas passadas, é oportunidade de ouro para novas cogitações de afeto que serão decisivos nas escolhas do futuro. Daí se deriva a importância do envolvimento carinhoso e da proteção libertária que deverá ser provida pelos adultos que orientam os primeiros anos de vida.

            Deriva desse entendimento que a educação dos infantes é um laboratório de grande exigência. Paciência, tolerância, renúncia de tempo/repouso, criatividade, bom humor, flexibilidade são virtudes, sem as quais pais e professores perdem as melhores ocasiões de despertar valores para a formação do caráter e da personalidade do Espírito encarnado.  

            O investimento numa educação estruturada sob a aura da cultura do respeito à diversidade e com isso à aceitação das diferenças individuais, à valorização do outro enquanto elemento de trocas amistosas haverão de contribuir com a estruturação de uma humanidade com senso de justiça e dotada de uma plástica capacidade de resolução de problemas, a partir do senso de responsabilidade compartilhada. 

            Detalhe importante. O exercício da sensibilidade metafísica é proposta que não deveria faltar no menu de lições a serem repassadas ao aprendiz novato. Tal ensinamento até pode derivar de princípios religiosos que norteiem a família, mas só serão efetivos se levarem ao entendimento supra-religioso a se manifestar na compreensão de universalidade e no pensamento libertário de pertencimento à Natureza tornar sagrada a vida.

            Nada de aleatório na vida de uma pessoa. Cada Espírito tem um propósito ao nascer. Aprender a ver a si mesmo e ao outro como existências significativas pode ser uma descoberta capaz de transformar a atitude humana em escala mundial. Refletir nas próprias limitações pode ajudar a entender as limitações dos outros e assim buscarmos formas de vencer tais limitações.

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