Por Roberto Caldas
Há um conto que, de tão contado, é quase de conhecimento geral. Um pai queria trabalhar e o filho pequeno lhe exigia a atenção. Depois de tentativas, o homem recorta em pequenos pedaços uma folha de revista onde havia um mapa-múndi. Entrega à criança para montar julgando que ficaria ocupado por horas, e poderia trabalhar com sossego. Engano. Minutos depois, montado o quebra-cabeça retornam os convites à brincadeira. Questionado como havia feito tão rápido a atividade, apenas responde, é que fiz pela figura que estava atrás. O pai verificou que era uma fotografia de uma pessoa humana. Pois é! Lição que sobra: monte o ser humano e estará montando o mundo.
Admita-se que o planeta tem as suas conspirações naturais. Afinal tem sofrido ao longo de bilhões de anos, movimentos de acomodação que servem para permitir um ambiente cada vez mais apropriado à manutenção da vida. Convenhamos que no passado longínquo dessa viagem planetária houve períodos em que sequer era possível a sobrevivência de um organismo celular. Logo a sequência de processos geológicos foram (e ainda são) necessários para a realidade de sua atual habitação, fauna e flora, numa esfera gigante de predominância mineral em sua essência.
As espécies dos Reinos animal e vegetal, que constituem a plataforma da existência primitiva da formação da Terra, permitem que se tenha uma clara visão a respeito da harmonia essencial da Natureza. Destituídas da capacidade de alteração do cenário em que vivem se submetem ao roteiro de suas existências, sem comprometimentos.
E o Ser Humano? Pois é! Esses podem mudar tudo. Para o bem, para o mal. Estão por trás das maiores engenhosidades que catapultam o progresso. E utilizam esse mesmo talento para produzirem a destruição.
O dinheiro, as armas, a posse de terras, a ciência, a sociedade. Todos esses elementos sofrem a dualidade da escolha de quem os controla. Dispostos em mãos diligentes e compassivas, inevitavelmente haverão de prover vantagens que transbordem em benefício à humanidade e ao meio ambiente. Manipulados por mentes enfermiças e mal intencionadas, lamentavelmente terá o potencial de induzir ao caos com todos os seus conceitos indutores à desgraça e ao sofrimento de muitas gerações.
O caos que originou o cosmos, fenômeno universal que tornou a terra hospedeira da raça humana obedeceu certamente aos princípios que fogem por completo do direcionamento dessa raça, pois a antecedeu e permanece apesar de sua ação predadora.
O caos produzido pela decisão humana, esse sim é que retarda as soluções para os graves problemas sofridos pela população. A equação desses problemas não se enquadra numa providência que se alcance por milagre, sem os esforços de restabelecimento de uma nova ordem mundial.
A criança daquele conto entendeu antes de tantos adultos donos da razão que o quebra-cabeça do mundo só pode ser montado se o ser humano corrigir a sua forma de viver.
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