Por Roberto Caldas
O fenômeno luminoso parece estar na origem, e também como resultante final, de todos os processos que envolvam mudança, transformação. Talvez por esse princípio que na descrição teológica da criação do mundo está inscrita a expressão E disse Deus: Haja luz; e houve luz (Genesis 1:3).
No íntimo de todas as reações das partículas mínimas que constituem a matéria as trocas eletromagnéticas geram espectros luminosos inalcançáveis aos nossos olhos.
Elemento pensante do Universo, elemento da trilogia Deus, Espírito, Matéria, o ser humano é conceituado pela linguagem poética e científica de Carl Sagan como sendo formado pela “poeira das estrelas” portanto constituído pela poeira de luz.
Jesus reflete essa realidade em Mateus (v; 12) ao ensinar “soia a luz do mundo”, numa referência evidente que acreditava na capacidade de iluminação de cada um.
Então, por que a humanidade parece, de forma contraditória, percorrer uma trajetória em contínuo flerte com a escuridão? Eis uma questão que deveria induzir a uma reflexão mais detida a respeito dos ciclos civilizatórios, com seus erros e acertos.
Se há filtros que decompõem a luz branca em suas diversas expressões que variam das emissões que vibram do infravermelho ao ultravioleta, também há filtros mentais que fazem a decomposição da luminosidade espiritual. Interferindo como verdadeiros prismas, as diferenças éticas e morais funcionam como ajustadores da percepção das claridades universais que alcançam indistintamente à universalidade dos Espíritos.
Cada um absorve ou rejeita a luz que lhe chega a depender da faixa do espectro em que se encontra, sem que haja diferença alguma na dimensão do clarão que alcança o todo e a parte. Desde o mergulho na escuridão da ignorância até a fina sintonia do ser humano com a sua consciência, a humanidade se diversifica no grau de iluminação, com reflexos explícitos no comportamento individual e nas manifestações.
Nada estranhável que se tenha convencionado denominar os pregadores de uma nova ordem de propósitos e intenções como luminares, aqueles que semeiam princípios que implicam em mudança para um mundo melhor. Apesar de contabilizarem muitos, não são comuns. E sem exceção, são pessoas que transitam estradas que exigem a coragem de desafiar os perigos de uma existência cheia de inconveniências e de dor, via de regra não anexadas ao sofrimento inoperante, nem à queixa improdutiva.
Na compreensão de Carl Gustav Jung, em sua obra A Prática da Psicoterapia,” Não há despertar de consciências sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão".
Quem sabe seja o mergulhar na própria escuridão o maior exercício de refinamento para que se efetive o “resplandecer a nossa luz” a assim iluminarmos a Terra?
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