terça-feira, 16 de maio de 2023

AO ESCOLHER A SEMENTE, CUIDADO!

 

  


Por Roberto Caldas        

             Foi através de parábolas que Jesus advertiu quanto ao cuidado com a qualidade do plantio. Qualquer semeador previdente terá em seu plano de resultados futuros a certeza de ter selecionado de forma adequada a espécie vegetal que lançou à terra.

            Desnecessária uma inteligência complexa para se entender que é insano plantar-se uma espécie vegetal com intenção se colher-se frutos de outra variedade. A lógica mais simples é categórica que a expectativa de quem planta sementes determinadas terá obrigatória colheita relativa à escolha.

            Assim também a regra dos plantios existenciais. Não é apenas nos conceitos da Botânica que a natureza do plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória, parafraseando pensadores que tornaram esse axioma em domínio popular.  Um simples papagaio, aquela ave que repete verbetes, se ensinada a repetir impropérios e infâmias, nada terá que repassar adiante senão tais nomenclaturas lamentáveis.

            O fato de haver uma possibilidade de a humanidade conviver em associações mentais que fogem dos contextos apenas sociais, apesar desses, cujas criações intelectuais, éticas e morais afetam indivíduos e extrapolam para os grupamentos, é motivo de reflexão. Funciona como se cada pessoa fosse emissor e receptor, ao mesmo em tempo que é semeador também é terreno. Emite sementes e as recebe.

            Quais sementes transmite, quais recebe? Entre aquelas que recebe, quais permite florescer? Seria como se perguntar: se o mundo fosse (e parece que é) um extenso campo de plantio, qual o sabor e a qualidade dos frutos derivados de um determinado plantio?

            É possível semear pensamentos de ódio e aguardar o florescimento da serenidade? Faz sentido financiar a guerra e querer parecer mensageiro da paz?

            Cuidado! A lei de causa e efeito não aceita manipulações, aliás, encontra-se muito além do controle apenas da vontade de que quer que seja. O que se ensina a uma criança provavelmente será devolvido ao mundo através de um adulto mal ou bem educado, dependendo dos estímulos dos alicerces de sua educação.

A disposição licenciosa em aceitar-se preconceitos e intolerâncias em nível de convivências particulares é ovo de serpente que eclodirá mais cedo ou mais tarde para flagelo de muitos. Conceitos e princípios estão na base do comportamento de uma sociedade.

Ensinar a desarmar as mãos e as mentes é lição que penetra aos poucos, se exercitada de forma contínua e generosa. Semente e terreno são cúmplices de uma mesma ação que elabora os frutos que se deseja produzir. Colhe-se o que se semeia.

Não por acaso, Jesus ao nos falar em sementes advertiu-nos ao perigo entre o joio e o trigo (Mateus – XIII; 24 a 30) e suscitou-nos à grandiosidade da mostarda (Idem – 13; 31 e 32). Portanto, ao escolher a semente, todo cuidado é pouco. Os frutos voltarão sempre às mãos que operaram a semeadura.

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