Por Doris Gandres
No Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec e os Espíritos tratam da “Igualdade dos Direitos do Homem e da Mulher” , logo à primeira questão (817), fica claro que ambos têm os mesmos direitos perante Deus, pois deu a ambos o entendimento do bem e do mal e a faculdade de progredir.
Mais à frente, na questão 822a, os Espíritos reafirmam essa igualdade ao atestarem que os sexos, aliás, não existem senão na organização física, pois os Espíritos podem tomar um e outro, não havendo diferenças entre eles a esse respeito e, por conseguinte, devem gozar dos mesmos direitos. Contudo, nessa mesma questão, esclarecem que há igualdade de direitos sim, de funções não. E não nos é muito difícil entender isso.
Discorrem ainda sobre uma fragilidade física maior da organização feminina (q.820) e explicam ser assim em virtude justamente das funções inerentes à sua condição de mulher, destinada aos trabalhos suaves; e Kardec comenta ainda mais: Deus apropriou a organização de cada ser às funções que deve desempenhar. Se deu menor força física à mulher, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e a debilidade dos seres confiados aos seus cuidados.
E ainda garantem, na questão seguinte, 821, que as funções a que a mulher foi destinada pela natureza têm maior importância do que as conferidas ao homem, pois é ela quem lhe dá as primeiras noções de vida.
Essa a razão do título dessa matéria (se outras tantas não existissem), particularmente porque esse esclarecimento nos vem de fonte maior, inteiramente confiável porque submetido ao princípio da universalidade...
A conhecida pedagoga espírita Dora Incontri, em seu livro A Educação Segundo o Espiritismo, inicia o capítulo IX – Grandes Educadores exatamente falando sobre as mães, ao destacar os benfeitores anônimos da humanidade. Diz a companheira de ideal: Desde que o mundo é mundo, o coração da mulher tem contribuído para o progresso da humanidade (...) Não dizemos com isso que a missão paternal não seja importante (...) A partilha das responsabilidades deve orientar a função educativa da família (...) Homem e mulher participam biológica e espiritualmente na concepção do corpo carnal que deve servir de morada para o Espírito que volta à Terra. Mas a mulher o carrega no ventre, e ao fazer isso não abriga somente o corpo físico em desenvolvimento. Durante a gravidez, como que está em simbiose fluídica e mental com a alma reencarnante.
E já nesse momento, nessa intimidade física e espiritual, inicia ela, a mãe, a sua função de educadora. Embora o ser que ela aconchega dentro de si esteja como que inconsciente, a corrente energética que flui de uma para o outro transporta princípios, sentimentos e sensações que irão alimentando, desenvolvendo e reforçando os já contidos no acervo espiritual daquele serzinho em gestação.
Diz ainda Dora Incontri: A mulher, quando exercita a maternidade, está realizando o poder criador, o poder da vida, que é herança de Deus – se ela puder elevar seu sentimento à altura desse dom, seu poder de regeneração é muito grande.
Conhecedores que somos das leis naturais divinas, podemos compreender a colocação da companheira, sobretudo face à resposta dos Espíritos na questão 821 acima citada que assegura à mulher a condição de primeira educadora quando afirma ser ela quem dá as primeiras noções da vida.
Grande missão, grande responsabilidade, particularmente se considerarmos a oportunidade de regeneração que a maternidade disponibiliza à mulher. As primeiras noções de vida, aquelas infundidas desde a concepção, durante toda gestação, durante a comunhão dos primeiros instantes, primeiros dias, meses, em que até o alimento de sobrevivência física vêm da mãe, momentos que oferecem a oportunidade única de dar àquele irmão, retornando como filho, elementos para sua regeneração, se necessária, e também para sua elevação espiritual através do amor a fluir do seio e da alma.
Benfeitoras anônimas, diz nossa companheira, anônimas se olharmos sob o ponto da vista da História – mas ilustres, famosas, grandiosas para cada um de nós que conhecemos a felicidade de merecer esse ventre, esse seio, esse acalanto, esse amor que, no dizer dos Espíritos na questão 890 do Livro dos Espíritos, persiste por toda a vida e comporta um devotamento e uma abnegação que constituem virtudes, que sobrevive mesmo à própria morte, acompanhando o filho além da tumba.
Por isso, nós que aqui estamos reencarnados graças a elas, neste mês de maio, mês em que se homenageiam todas as mães, levemos às nossas não apenas flores, cartões, presentes – mas o nosso carinho maior e a nossa gratidão profunda pela oportunidade concedida, muitas vezes mesmo diante de imensas dificuldades. E peçamos a Maria, mãe de Jesus, uma benção muito especial para todas as mães, quem quer que sejam e onde quer que estejam.
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