Por Orson P. Carrara
É comum surgirem crises nas instituições humanas. Somos seres falíveis, com inúmeras limitações e dificuldades, e nossas falhas pessoais refletem-se diretamente nas atividades a que nos dedicamos ou nas instituições a que nos vinculamos, seja na condição de funcionário, voluntário, diretor ou mero colaborador.
Estas crises podem receber vários títulos: desorganização, desencontro, melindres, desentendimentos, agressões, separações, divisões, disputas, intrigas, "fofocas de bastidores", abandonos, brigas, inimizades, calúnias, desastres financeiros e administrativos, entre tantos outros adjetivos que poderíamos colocar.
E as instituições espíritas, compostas por seres humanos igualmente falíveis que todos somos, não estão livres desses pesadelos que colocam a perder grandes investimentos de pioneiros, no passado, como de dedicados trabalhadores do presente. Isso nos dois planos da vida e não exclusivamente do ponto de vista material, mas especialmente na valorização da condição humana nas diversas áreas que se queira relacionar.
Muitas dessas crises são oportunidades de crescimento; outras poderiam ser evitadas e muitas – a maioria delas – simplesmente surgem porque ainda nos deixamos perder por bagatelas do relacionamento. Porém, sabe-se de onde se originam?
É simples. Muitas crises são construídas paulatinamente pela nossa invigilância, quando:
1. Consideramo-nos indispensáveis;
2. Tornamo-nos centralizadores e deixamos de preparar sucessores ou continuadores;
3. Desejamos impor pontos de vistas, considerando que somente nós sabemos;
4. Tornamo-nos indiferentes aos sentimentos das pessoas;
5. Desejamos fazer como achamos que deve ser feito, desconsiderando posições alheias;
6. Desejamos abraçar todas as tarefas, concentrando-as em nossa incomparável capacidade e experiência;
7. Tomamos para nós o título de enviado, missionário, porta-voz da espiritualidade ou aquele trabalhador sempre consciente e infalível;
8. Tornamo-nos fiscalizadores da conduta alheia;
9. Deixamo-nos levar pela crítica contumaz aos esforços alheios...
10. Quando levamos para o lado pessoal...
11. Quando consideramos as outras pessoas incapazes de levar adiante qualquer tarefa e as marginalizamos pelo ponto de vista de nossa opinião pessoal.
Será preciso continuar com tão nefasta relação?
Não, são as circunstâncias humanas, não é mesmo?
Infelizmente. Mas é daí que surgem as crises, que nem sempre são construtivas. Nossos pensamentos infelizes, nossa língua inoportuna, nossos gestos e posturas destroem iniciativas e "matam" ambientes, relacionamentos e instituições.
Pessimismo? Exagero? Penso que não.
Estamos nos deixando perder por bagatelas... Voltemo-nos para a finalidade principal de nossa amada e grandiosa Doutrina Espírita: o aprimoramento moral de nós mesmos.
... de nós mesmos e"da humanidade, como disse Kardec. Doris Madeira Gandres
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