Por Orson P. Carrara
Sim, ele também é gente. Percebe-se, a certo ponto da vida, com sensações estranhas que não consegue entender, nem explicar. Normalmente sofre preconceitos e, quando é reconhecido como tal, torna-se alvo de bajulações e chega a ser endeusado pela ignorância dos que não o compreendem – com sérios riscos de vaidade que podem colocá-lo a perder-se em seus compromissos.
Mas é gente como qualquer outra pessoa. Tem sangue nas veias, sente dor, precisa descansar, alimenta-se como qualquer ser humano. Também fica bravo e sente-se magoado, mas quando consciente de seus compromissos, é convidado a comportamento de humildade e de trabalho em favor do próximo.
Sim, pois que seu compromisso é para o com o bem geral, no atenuar das aflições humanas, como veículo ou instrumento de socorro às agonias e tormentos que rondam o ambiente da família e da sociedade em geral.
Nem por isso, todavia, é um privilegiado. É um ser comum, mas trouxe consigo uma bagagem diferenciada, tendo em vista atender ao próprio compromisso antes firmado. Se o cumprir com idoneidade, sentirá as alegrias da consciência que cumpriu seu dever. Se explorar ou mal conduzir a capacidade que pode se apresentar em diferentes graus, sentirá o peso das consequências danosas que só podem provir da irresponsabilidade ou da omissão.
Mas como a falta de conhecimento ainda o qualifica como se privilegiado fosse, sofre assédios e exigências descabidas, expondo-se à incompreensão inclusive no seio da própria família. Como independe de idade, sexo, religião, estágio social ou intelectual, seu uso e aplicação, todavia, sofre séria influência do aspecto moral, podendo tornar-se fonte de muitas bênçãos ou alegrias ou causa de sérios e graves desastres morais, com consequências danosas de longo alcance.
O mais marcante ainda, e para surpresa de muitos, é que ele não é privilégio nem invenção, nem tampouco de domínio de qualquer religião. Trata-se de uma capacidade humana, extremamente variável na forma de apresentação e percepção daquele que a detém de maneira mais ou menos ostensiva, independente do nome que lhes queiramos dar.
Na infância todos fomos por eles beneficiados, nos chamados benzimentos, e ao longo da vida, sempre tivemos uma ou outra notícia que vieram por meio desses personagens normais da vida humana, normalmente incompreendidos. No passado foram considerados feiticeiros, bruxos; atualmente são temas de filmes e novelas, tendo já disponível farto material literário que possibilite estudá-los amplamente para bem compreendê-los.
Sim, referimo-nos aos chamados sensitivos, ou médiuns. Homens e mulheres comuns da sociedade humana que trouxeram consigo um compromisso de trabalho em favor da evolução, como instrumentos de socorro, instrução, orientação, cura física e moral, lúcidos porta-vozes da vida imortal ou veículos equivocados que, por não se disciplinarem ou desconhecerem a própria faculdade, podem tornar-se meios de perturbação a despreparados que igualmente desconhecem a questão.
Por isso, nesta data de 30 de junho, comemorativa dos 21 anos de retorno à Pátria verdadeira, do médium Chico Xavier – modelo de mediunidade a serviço do Cristo – nossa homenagem carinhosa de gratidão, àquele que incorporou no próprio comportamento os exemplos de autêntica humildade, amor ao próximo e plena consciência de seus deveres.
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