Por Ana Cláudia Laurindo
Existem inúmeros perfis de escritores, articulistas, pensadores, gente que se dedica a refletir sobre a vida e os movimentos do mundo sob variados ângulos, gerando conteúdo. Em alguns momentos eu me afasto das minhas ilhas para contemplar ao longe e tentar vê-las melhor, como sugeriu um pensador. Visito outras ilhas. Com elas reflito, penso também sobre tudo o que nos faz andar de ilha em ilha, para compreender com maior nitidez essa jornada existencial.
É assim que construo o livre pensamento norteador destes escritos.
Minha ambição é compreender o que me torna livre, o que pode aprisionar e limitar o entendimento das coisas.
Constato conflitos e cansaços, no desinteresse em repetir padrões, mesmo quando aparentemente eles dão certo para os moldes midiáticos desse tempo. A voz é fundamental quando antes usamos o pensamento. Não será para quem pensa razoável vomitar desejos intensos, mesmo quando outros incentivam, exigem, cobram adesão aos temas efervescentes deste tempo.
Assim acontece com as análises sobre Espiritismo.
Estou no silêncio contemplativos das ilhas vulcânicas. Não encaixo voz no clamor apaixonado e me tornei cismada com as exigências de luta. Estou observando as energias de guerra, estou protegendo o núcleo da análise liberta; sem religiosismo, sem academicismo, sem fetiches de resolução prematura das questões do mundo.
Estou pontuando estudo em solidão dialógica. A energia transformadora dos seres não é religiosa, mas política, assim entendo.
A transformação qualitativa não se restringe às práticas espiritualistas, por mais que insistamos em acreditar nesta assertiva, porque a energia política da vida não pode ser mapeada por nenhuma filosofia ou crença, tal força de liberdade possui este fenômeno rasgador de eras.
E aquela irmandade que o cristianismo delegou aos viventes, foi apenas uma organização semântica de orientação, porque as concepções só fazem efeito de elevação espiritual quando brotam na subjetividade, como efeitos das experiências felizes de aquisição para além dos parâmetros comportamentais mundanos, em suas perspectivas culturais de controle.
Nossas utopias de transformar as coletividades para o bem comum, são transbordos de sonhos salutares. Mas o passo a passo da libertação começa na compreensão política desse mundo mal repartido, onde a feiura pode estar na sarjeta e na alma, e a beleza pode estar entre a miséria e a ostentação, navegando em múltiplas narrativas, conduções de crenças e formas de fazer o tempo girar.
Tão complexo que somente na simplicidade é possível aprender. Tão simples que retorce nossa sabedoria herdada em gotas de arrogância e ignorância.
Em estado de ilha o valor do encontro é sublimado, o diálogo respeitoso ganha tons de festa e trocar saberes nos faz a todos candidatos a processos evolutivos mais abertos à ternura.
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