Ana Cláudia Laurindo
Ainda estamos em desconfortos constantes diante das necessidades de aprimorar as referências de devir com as quais buscamos alinhar pensamentos, para salvaguardarmos uma essência filosófica de nós mesmos, na esperança de não entregar tudo ao deus consumo.
Sem contar com o benefício do frenético mercado, nos identificamos em prateleiras, ora como produtos, ora como compradores de algo. E uma fome de poético inclina milhares para os lados dos profetas temáticos, os sofistas liberais da boa alma, cheios de palavras que não levam a nada mas surtem impressão de melhoramento subjetivo que por mais caro que seja vendido, sempre parece barato.
Quem tiver uma filosofia para chamar de sua, mesmo agarrando com força vai perceber que já não é como antes.
Uma estranha (e antiga) necessidade de estar inserido em alguma manada tem comandado as inteligências comuns. Quem não está em algum “blocão” é sugado pela sensação de não estar sendo nada, ninguém, e ser invisível se tornou o maior temor deste século.
Mesmo estragando o coração e o fígado, o preço da solidão parece ser pior do que o cometimento de bobagens, os aplausos mútuos e a ferida constante na representação de espécie sábia, que um dia perseguimos com afinco.
Comendo o que não é comida, bebendo o que não é para ser bebido e amando hologramas sobre as misantropias tarjadas destes dias, chegamos ao ponto de pensar o que não é pensamento.
No pano de fundo temos o capitalismo em glória.
Enfim podem ficar em paz e manipular céus e estrelas que os humanos desistiram da história.
Será apenas um formato contemporâneo de pesadelo?
Belíssima! Belíssima reflexão, Ana Cláudia! Adoraria ter escrito esse artigo. Jorge Luiz
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