quinta-feira, 19 de outubro de 2023

EXCESSO DO MAL À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA

 

Genocídio do povo tutsi em Ruanada, ocorrido há 29 anos

Por Doris Gandres

Atualmente, mais do que antes, as pessoas em geral se sentem impactadas pelos nefastos acontecimentos que assolam a humanidade, em todos os níveis, em todos os lugares. Atos os mais assustadores, mais inesperados, mais cruéis até se poderia dizer, vêm sendo perpetrados com uma frequência cada vez maior – nem bem um aconteceu, pouco depois surge outro. E, a maioria, fruto de um planejamento prévio, cuidadoso, detalhadamente premeditado...

Por outro lado, vemos a Natureza desgastada responder ao descaso e aos abusos cometidos ao longo de séculos, de milênios; devastamos, poluímos, construímos desordenadamente, ocupando espaços e áreas a despeito do desequilíbrio que isso pudesse gerar – e tem gerado – tudo em nome da ganância e da sede de poder, de todo e qualquer tipo de poder, priorizando sempre o interesse pessoal acima de tudo.

Em resposta à pergunta de Kardec se a perversidade do homem não estaria crescendo ao invés de diminuir, os Espíritos disseram que não, que observando o conjunto pode-se notar que o homem avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e dia a dia corrige os seus abusos; que é preciso que haja o excesso do mal para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas (1). Sábios e tolerantes, entendendo as nossas condições de espíritos ainda necessitados da dor para compreender que o amor é o caminho seguro para nossa redenção...

Igualmente nos esclarecem ao explicar que todo conhecimento e todas as experiências são fundamentais ao nosso crescimento espiritual, inclusive o conhecimento do bem e do mal (2) – o que não significa que devemos praticar o mal para conhecê-lo: nossa consciência, onde está inscrita a lei divina, o pressente e nos adverte por sinais que muitas vezes tudo fazemos para ignorar... Ainda advertem que não é proibido ver o mal, quando o mal existe e que seria mesmo inconveniente ver-se por toda parte somente o bem: essa ilusão prejudicaria o progresso (3).

Portanto, fechar olhos e ouvidos para não tomar conhecimento dos tristes e desastrosos fatos que estão ocorrendo em nada nos favorece, além de que esse posicionamento nos impede de colaborar de alguma forma para minimizar condições e situações dolorosas; e se não for possível por meio de atitudes e atos concretos, que seja através de boas vibrações a todos os envolvidos.

Lembramos ainda que já temos conhecimento acerca da psicosfera que nos envolve e ao nosso planeta, presentemente sobremaneira carregada de vibrações pesadas e nocivas, atraindo, consequentemente, por afinidade e sintonia, outras tantas energias similares de todas as dimensões, o que  dificulta enormemente o desenvolvimento e o progresso da humanidade.

Allan Kardec nos alerta: “Até que a humanidade haja crescido suficientemente em perfeição pela inteligência e pela prática das leis divinas, as maiores perturbações serão causadas pelo homem e não pela natureza, isto é, serão mais morais e sociais do que físicas (4). E é o que vimos constatando face a esses graves transtornos ético-fraternos mundiais.

Contudo, apesar de tudo, apesar de nós, a lei do progresso é lei natural, inevitável, inexorável, que a todos e a tudo arrastam para a perfeição relativa que toda a criação pode alcançar – podemos retardar nosso avanço, dificultá-lo, mas jamais impedi-lo! Malgrado nossa ignorância, nossa insensatez, nosso orgulho e egoísmo, todos somos em essência espíritos crísticos e terminaremos por eliminar todas as nossas inferioridades, em conformidade com a afirmativa do Irmão Maior, Jesus de Nazaré: sois deuses, fareis tudo que eu faço e muito mais. Assim, não vamos nos desesperar, nem nos apavorar diante dos obstáculos da caminhada, pois que ninguém está fora de lugar nem no tempo errado – foram muitos milênios de escolhas e construções equivocadas que os geraram. E foram muito claras as instruções transmitidas quanto à missão dos Espíritos encarnados: Instruir os homens, ajudá-los a avançar e melhorar as suas instituições por meios diretos e materiais (5).

Chegará o momento em que seremos capazes de cumprir a Lei Maior: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo; e então praticar em sua integridade a lei de justiça, de amor e de caridade esclarecida para com todos.

 

 Referências:

(1)   O Livro dos Espíritos – q.784

(2)   Idem, q.634

(3)   O Evangelho Segundo o Espíritismo, cap.X, item 20

(4)   A Gênese, cap.IX, item 14

(5)   O Livro dos Espíritos – q.573

 

Um comentário:

  1. Este texto é um excelente incentivo à continuação de estudos do Espiritismo. Ainda não sabemos, ou desvendamos todos os ensinamentos dos Espíritos. Urge a busca constante.

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