Por Alexandre Júnior
É assim que transborda! A música ecoa no litoral da alma, mansamente avança pelos recôncavos mais íntimos de nossos convexos, é assim que a alma treme, a sensibilidade pulula festejando o encontro do eu com a arte!
É assim que conseguimos de alguma forma avançarmos vivendo, sentindo o efeito do tempo, que implacável, interroga todas as nossas certezas, nada esta estabelecido, não há mais convicções imortais, o tempo se encarrega de fazer ruir as mais concretas das arrogâncias.
É assim que se moldam as mais complexas das organizações da natureza, é dessa forma que se formalizam as mais avançadas das mais avançadas das tecnologias!
É assim! Um misto de sensações, sentimentos, desejos, frustrações, conquistas, dissabores, amores, afetos, rompidos, abraços, sentidos. É assim, até quando o vazio se enche de ausência e o peito dói como se fosse físico, e as lágrimas rolam como se não fossem controláveis, e as ausências calam alto até aos mais insensíveis dos seres, o tempo se encarrega disso!
É assim! As literaturas versam, os poemas sensibilizam, as músicas cantam, os sonetos encantam, mas não será igual, não é igual, amores vão e vem, se renovam como as primaveras, se fortalecem como as raízes, envelhecem como os humanos, e mais uma vez, ele, o tempo, se encarrega de leva-los a lugares diversos, há almas complexas, algumas teimosas, para não o admitir, ele o amor.
É assim! Que os corações se partem, mas é assim que se colam, e é assim que nunca se quebram. Não é possível prever, mas é muito mais infeliz quem não o vive, quem o nega, quem o negligencia, mas também é infeliz quem nele não acredita, a ausência dele nos faz insensível, humanamente insensível, humanamente previsível.
É assim, uns até pensam ser covardes por senti-lo, e covardes mais ainda por se entregar totalmente, outros já se sentem covardes por nunca terem se permitido, pois, com o medo do sabor, nunca provaram o mel, pararam no temor das picadas das abelhas.
É assim! Gostaria de entender o tempo, mas ele passa e as coisas já não são mais as mesmas, eu não sou mais o mesmo, as pessoas, não são mais as mesmas, você, não é mais o mesmo. A mágica consiste na eterna mutação da vida, que descortina oportunidades constantes de se descobrir, de se despir, de se perceber, de perceber o outro, de se perceber com o outro, de se perceber no outro, de se perceber sem o outro. Até um súbito encontro conosco mesmo, nessas perspectivas da vida que muda, nos é ofertado e nos é possível, descobrir ausências, belezas, afetos, carinhos, amores, tesões e desejos, que na realidade, só serão compartilhados, quando descobertos e aceitos!
É assim! No mundo das possibilidades, amar é mais possível do que realmente nos ensinaram. Talvez o verdadeiro desafio aos nossos aprendizados. Porém, que reaprendamos o amor, todavia, como um sentimento subversivo, que exige um rompimento com o sistema. Sim! O sistema, capitalista e neoliberal, que é pautado em guerras e mortes! É necessária uma assumição de amarmos o mundo, e vivermos esse amor. Mas assim como o Esperançar, que se move, luta, produz condições enquanto espera, esse amor precisa provocar mobilidades, romper com as relações estáticas, mesmo que isso incomode os que rotulam, os que precisam nomear, os que se sentem zangados com a felicidade dos outros, os que se sentem contemplados pelo sistema de morte que viabiliza, promove, e lucra com as guerras, ou os que simplesmente não ousam, temem, desacreditam, descredibilizam ou simplesmente sentem segundo os dogmas que insensibilizam os amores sociais, são adestrados a pedirem permissão para amarem, invariavelmente só alcançam a permissão para amarem os pares!
É assim! E por fim, o amor é inquieto, indócil, indignado e não se consorcia com qualquer injustiça e desigualdade social!
Excelente meu amigo. Como sempre Ele, o Amor. " O calor que aquece a Alma"; o moto contínuo da vida...!!!
ResponderExcluirBela página, Alexandre! Pura poesia na prosa!
ResponderExcluirMaravilhoso texto Leva a uma reflexão sobre a passagem do tempo na vida do homem e nos revela a importância do amar hoje como se não houvesse amanhã, pq ele, o tempo, é implacável. Hoje sim, amanhã talvez. 👏👏👏👏
ResponderExcluirVera Queiroz
Texto poético e rebelde. Proposta de reflexão do amor como deve ser: sem a exigência da troca ou da condição de se amar apenas os iguais.
ResponderExcluirExcelente reflexão! É assim nos faz pensar o quanto ainda podemos ser em prol de nós mesmos e do todo. Amar é a única saída. 😍
ResponderExcluirMaravilhoso Alexandre, consciência com poesia na inevitável crítica social. Obrigada.
ResponderExcluirTexto profundo e poético! É muito bom ler seus escritos Alexandre. Ass: Alice
ResponderExcluirPerfeito!
ResponderExcluirLindo! Um grito poético, dialógico, dialético, de amor e protesto, sensibilidade e força amigo. Da vontade de ouvi-lo sendo declamado com o ritmo que ele inspira no leitor! Parabéns.
ResponderExcluirAline Gobbi
Belíssimo texto. Poético, sensível, sem pieguismo. O.amor retratado de forma simples e encantadora.
ResponderExcluirBelíssimo meu amigo Alexandre! Realmente o amor jamais se consorciará com a injustiça social. O amor que vc prega é o antídoto para esse mundo hostil em que vivemos. Parabéns!
ResponderExcluirGilson Gurgel
"É assim! No mundo das possibilidades, amar é mais possível do que realmente nos ensinaram". Há... Alexandre, esta é a lição mais difícil de entender. E Você, como um bardo, expõe o cântico desta necessidade. Fui tocado a refletir e olhar o espelho, negando o "Narciso que habita em mim", divisando em muitos a dor e, como a sua indicação, o vazio calado e ausente, daqueles que não sentem o "verbo amor". Verbo que de tão simples chega a ser, realmente, vulgar. Sinto-me nas asas de minha alma a buscar no profundo vazio das existências a razão tanta indiferença, de tanta carência em conjugar o "verbo amor". A dor, impede os olhos em lágrimas, mas o coração avisa que em frente e ao redor existe um outro. E tantos outros quando a dor o olhar permite. Precisamos ser "caridade em pessoa", enxergar no escuro vazio daqueles que sofrem, não só da dor, mas também de desamor.
ResponderExcluirÉ assim! Meu bardo querido Ale.