Por Roberto Caldas
Fatos históricos explicam a dificuldade que o mundo exibe perante a adoção de uma ética tal aquela pregada por Jesus. Sim, aquele Jesus que foi tornado o maior entre os homens, mas andava como qualquer um de nós, enquanto desenvolvia a sua doutrina ético-social-espiritual que pretendia alcançar os potenciais humanos a partir da compreensão da partilha e da tolerância. Lutou dessa forma pelo nascimento de uma sociedade calcada numa filosofia humanista caracterizada pela convivência dos diferentes solidários mútuos.
O que se relata da ação dos poderosos de ocasião, tantos que ceifaram e ceifam vidas e corromperam tratados de boa vizinhança, governantes com as mãos de ferro e a alma de chumbo, demonstram quanto ainda demora a consolidação de qualquer retórica que aponte para a verdadeira civilidade humana.
Apesar de tantos impérios que ruíram levando para as catacumbas do esquecimento os seus mandatários, quando não os tornou verdadeiros estorvos humanos que obscureceram capítulos infelizes da história da humanidade, ainda vemos nos dias atuais se levantarem candidatos ao escárnio futuro da humanidade. Há um convite sedutor no poder, que acaba por anestesiar consciências que se lançam ao abismo de gerar as grandes tragédias e flagelos que se assistem aos quatro cantos do planeta.
Vive-se, depois de tantos anos de civilização, a fantasiosa versão de que a força bruta é a gestora do poder humano. Daí se projeta sobre uma aglomeração atônita e desorganizada, na maioria das vezes destituída de relevância política e alcance midiático, ofensivas armadas e diplomáticas, geralmente desrespeitando acordos e balizas previamente celebradas.
Desconhece-se que o PIB produzido mundo afora poderia, se assim se quisesse, projetar bem estar social e humano para toda a população do globo, mesmo se mantidas as diferentes escalas de riquezas e status. Bastaria a compreensão de reduzir-se o grande fosso, cada dia maior, que coloca MAIS nas mãos de MENOS pessoas, em detrimento dos que NADA detêm em suas mãos, senão lágrimas.
As regras que regem a sociedade e administram o capital não parecem ser o caminho que deva levar a Terra à mudança que se projeta para o seu desenvolvimento espiritual. Essa receita em nenhum ponto sequer se assemelha àquela orientação que a doutrina ético-social-espiritual de Jesus nos propôs. Se houver, e há certamente, uma efetiva ponte para a instalação da ainda utópica sociedade de Jesus, muitas serão as transformações que precisarão ser postas em prática para tal consecução.
O exercício exige sensibilidade para separar o joio do trigo naquilo que se vê, se ouve e se lê. Definir qual o caminho é capaz de criar o mundo que todos esperamos e clarificar a interpretação para evitar que se tome o poder alimentado pela truculência como opção de paz no futuro. Entender que o “conhece-te a ti mesmo” socrático faz a aliança para o “ame-se”, “ame o outro”, “ame a Deus”, que é são a essência do ensino de Jesus, cuja dificuldade em ser aceito é justamente pregar que O VERDADEIRO PODER consiste em não querer vencer o outro, senão aliar-se para se crescer juntos.
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