quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

incluO ANO NOVO – E UM O HOMEM NOVO

 

Por Doris Gandres


Para construir um mundo novo, precisamos de um homem novo” (1)

A cada ano, cada um de nós, com a aproximação do final do ano, alimenta a expectativa de que a virada de ano na contagem terrena trará a realização de nossas esperanças, de nossos sonhos, de nossos projetos e planos de conquistas as mais diversas, inclusive da felicidade, da segurança e da paz; e nos enchemos de bons propósitos que, lamentavelmente, geralmente não são firmados nas sólidas bases do nosso próprio esforço continuado e persistente; acreditamos ingenuamente que uma simples mudança de data pode fazer surgir um novo mundo diante de nós, pode fazer desaparecer o velho mundo deixado para trás, sem que tenhamos primeiramente feito todo o necessário para que isso possa efetivamente acontecer.

É muito conhecida entre nós espíritas a afirmativa de que “a Natureza não dá saltos”. Muitas e muitas vezes nos servimos dessa afirmação para explicar inclusive certas condições, certas situações e até certos fatos e assim nos acomodarmos, frequentemente esquecidos de que somos parte integrante e agentes da Natureza, e que essa lei natural também se aplica a nós. Nossa mudança, nossa transformação, também não dá saltos! É construção paulatina e trabalhosa, que independe de datas, mas que depende, para que se processe, de nossa firme vontade e constante perseverança no “bom combate do apóstolo Paulo de Tarso: despertar as consciências e libertar o homem do egoísmo, da vaidade e da ganância" (2).

Ansiamos todos, é verdade, por um mundo novo, com uma nova filosofia de vida, uma nova sociedade com mais justiça social, sem as desigualdades aterradoras hoje existentes; mais solidária, menos discriminatória; um novo mundo em que a fraternidade seja a viga mestra. A maioria de nós deseja um mundo renovado para renovar o homem. Mas como se daria esse mundo renovado? Aconteceria pelas mãos de quem? Por “obra e graça do divino espírito santo”? Será que ainda acreditamos em milagres? Ou já sabemos que é exatamente o contrário: que é o homem renovado que construirá um mundo renovado? “O Espiritismo ensina que a transformação é conjunta e recíproca, mas tem que começar pelo homem. Enquanto o homem não melhora, o mundo não se transforma (...) Temos que insistir na mudança essencial de nós mesmos” (3).

Fala-se muito na fase de transição por que atravessa o planeta, mudando de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração – mas não se fala, ou pouco se fala, na fase de transição por que atravessa a humanidade, a humanidade encarnada e desencarnada. Porque é a sua transição para uma condição mais elevada do ponto de vista moral que operará a transição do mundo para um mundo melhor. “A época atual é a da transição; os elementos das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, e cada uma já se assinala no mundo por caracteres que lhes são próprios (...) A maneira pela qual se opera a transformação é bastante simples e, como se viu, ela é toda moral e não se afasta em absoluto das leis da natureza.” (4)

Portanto, para sermos coerentes com as nossas próprias expectativas, vamos em primeiro lugar finalmente despertar nossas consciências, afastar nosso comodismo, nosso medo ou presunção ocultos na nossa omissão perante a sociedade que construímos através os séculos e buscar extirpar o egoísmo, a vaidade e a ganância que ainda nos habitam e geraram tanta desigualdade e injustiça.

Vamos sim seguir a tradição de comemorar a chegada de um novo ano no nosso calendário, mas vamos aproveitar esse evento e transformá-lo em mais uma nova chance de progresso, de fortalecimento dos nossos esforços para o avanço individual e coletivo na conquista, não apenas de um NOVO ANO, mas de um NOVO TEMPO, DE UM NOVO MUNDO de REAIS oportunidades para todas e todos, desde o berço, qualquer que seja.

Feliz Novo Ano para toda a Nova Humanidade! E feliz Nova Humanidade para todos os anos vindouros!

 

  Referências

(1         (2) e (3) – José Herculano Pires, livro O Homem Novo

(4) A Gênese, Cap.XVIII, itens 28 e 29 (partes)

 

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