Por Roberto Caldas
Pedagógica a admoestação de Jesus à tentativa das pessoas em impedir que as crianças se lhes aproximasse. Encontra-se em Mateus (XIX; 14): "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas".
Há fartos estudos que tratam da importância das novas gerações, que constituem a infância, para a manutenção dos processos civilizatórios. Não há controvérsia quando se afirma que os primeiros anos da existência impõem o dever de absoluta proteção, acolhimento e educação por parte dos adultos que compõem o universo em torno dos infantes.
Sabe-se da grande importância, para que se perpetue uma tradição, da formação de blocos populacionais que tenham a possibilidade de perpetuar conhecimentos tempos afora. Simbolicamente, é como se numa corrida de revezamento, os degraus geracionais fossem responsáveis em levar adiante o amadurecimento de um povo.
Talvez um dos mais notórios motivos de estagnação e falência de uma cultura é a negação da expansão da base populacional infantil. Por muitas formas, empíricas ou planejadas, de lhes negar o direito à educação, ao afeto e em tantos casos à própria vida, como é visível nos países que albergam políticas predatórias ou naqueles que são massacrados em combates armados.
Na concepção espírita, as crianças são Espíritos Imortais que admitem novos corpos para darem continuidade as suas histórias evolutivas. Renascem com a finalidade de criarem realidades diferentes para si e modificarem o ambiente do mundo. Dependem, para o alcance de seus objetivos, da orientação daqueles que devem se comprometer com os cuidados de sua formação. O esquecimento dos fatos que estão mergulhados no inconsciente remoto abre espaço para a criação de impulsos educacionais que encaminhem ao progresso.
Para ser respeitável um grupamento humano precisa necessariamente respeitar a infância e poupá-la de sofrimentos que produza a fome, a dor, a morte, o obscurantismo, independente dos limites geográficos que limitem uma população. Feliz a comunidade que consegue entender que não há progresso sem investimento ilimitado na criação de ambiente saudável para o crescimento dos pequenos.
Gigante a responsabilidade que espiritualmente se atribui àqueles que têm sob os seus cuidados os destinos da população infantil. Pais, educadores, governantes. Desvios cometidos na consecução dos compromissos nesse particular hão de produzir dolorosa carga consciencial com consequências graves e necessidade de reparação futura. Não se mata crianças física ou psicologicamente sem danos á própria consciência.
Naquela manhã, Jesus sinaliza essa realidade. Passa a lição de que não se pode impedir ás crianças o encontro com o amor e com a verdade. Abre os seus braços para acolhê-las e passa à humanidade a mensagem de que, o caminho para alcançar novos tempos, passa pela renovação que a infância representa.
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