Por Roberto Caldas
Há contrastes tão aberrantes no comportamento humano e nas práticas aceitas pela sociedade, e se não aceitas pelo menos suportadas, que permitem se cogite o grau de lucidez com que se orquestram o avanço da inteligência e as pautas éticas e morais que movem as leis norteadoras da convivência social.
É público e lamentável que no centro populacional mais tecnológico do mundo ainda haja condenações ao crime com a perpetração de outro crime (planejado, frio e calculado), esse pelo próprio Estado. Estarrece essa imposição como determinação que pune um crime anterior. É o que pode se considerar o “lavar o sangue com o sangue”, como se esse segundo crime por ser “legalizado” seja menos grave ou cruel do que aquele que foi o seu motivador.
Não cabe a quem quer que seja se lançar como causador da morte de alguém. Há regras legais que servem de atenuantes para tais cometimentos relacionados com questões de legítima defesa, assim como na vigência de guerras e situações que envolvem operações policiais. De toda forma a necessidade dessas exceções demonstram o quanto está distante a ideia de viver-se em um mundo pacificado.
Decidir em relação ao direito à vida e decidir condenação à morte não é compatível com a condição de humanidade, cujo poder não gera a vida e, portanto, não deveria permitir a possibilidade de ceifa-la.
Duas questões de O Livro dos Espíritos esclarecem a respeito de tão grave problema social: “760. A pena de morte desaparecerá um dia da legislação humana? — A pena de morte desaparecerá incontestavelmente e sua supressão assinalará um progresso da Humanidade. Quando os homens forem mais esclarecidos, a pena de morte será completamente abolida da Terra. Os homens não terão mais necessidade de ser julgados pelos homens. Falo de uma época que ainda está muito longe de vós”. “762. Se a pena de morte pode ser banida das sociedades civilizadas, não foi uma necessidade em tempos menos adiantados? — Necessidade não é o termo. O homem sempre julga uma coisa necessária quando não encontra nada melhor. Mas, à medida que se esclarece, vai compreendendo melhor o que é justo ou injusto e repudia os excessos cometidos nos tempos de ignorância, em nome da justiça”.
Delinquir com a existência de outra pessoa provavelmente venha a ser o mais dantesco crime que alguém possa cometer. A sociedade precisa ter meios de punir o crime e o seu autor, sem espaço para igualar a sua ação à ação criminosa por ele perpetrada, sob o risco de tornar-se igualmente criminosa.
Louvável a exortação de Emmanuel (Pensamento e Vida – Hábito – psicografia de Chico Xavier) quando nos diz: “Até agora, no mundo, a nossa justiça cheira a vingança e o nosso amor sabe a egoísmo, pelo reflexo condicionado de nossas atitudes irrefletidas nos milênios que nos precedem o “hoje” “.
Boas reflexões Roberto. Gratidão, Doris Madeira Gandres.
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