Por Doris Gandres
Caminha-se hoje em meio a um turbilhão de eventos de todo tipo, aparentemente incontroláveis, sobrepujando-se uns aos outros em força e violência, dando uma impressão de impotência que a muitos desespera, desanima e deixa as criaturas como que apáticas e indiferentes diante do caos ilusório em que decaiu a humanidade e a natureza.
No entanto, no uso da razão e do bom-senso – e com o conhecimento das leis naturais que regem toda a criação de forma harmônica – conseguimos encontrar um sentido para todo esse grande movimento, na verdade renovador, que vem se processando já algum tempo, mas que agora parece se acentuar.
Fala-se há muitos séculos do final dos tempos e de seus sinais precursores, mas até agora de forma alegórica, mediante situações catastróficas e assustadoras, preconizando um “fim do mundo hecatômbico”, em que as criaturas serão ceifadas pela destruição súbita do planeta.
Contudo, no estudo da doutrina espírita encontramos elucidações lógicas acerca deste momento, dando ciência de que este será reconhecido particularmente pelos grandes problemas de ordem moral, não pelos de ordem física, que, no entanto, não deixarão de ocorrer.
E se analisarmos atentamente a humanidade de um modo geral, constataremos efetivamente o recrudescimento de comportamentos violentos e desastrosos; reconheceremos a adoção de uma escala de valores estranha, onde o interesse pessoal é o número 1 da lista; onde o ter se tornou a viga mestra da existência; onde a conquista do poder e da supremacia é o objetivo maior da criatura que, para atingi-los, está disposta a pagar qualquer preço; onde a satisfação de instintos os mais primários rege as escolhas em quase todos os domínios de atuação.
O quesito “poder” então ganhou tal força que hoje vemos profissionais cada vez mais prestigiados e procurados dedicados inteiramente a fazer despertar nas criaturas o que atualmente se denominou “empoderamento” – ou seja, municiá-las de maneiras de pensar e de agir que dêem, inicialmente, a aparência e a ilusão de poder, primeiramente material e a seguir sobre situações, condições e inclusive sobre pessoas. E, por estranho que nos possa parecer, isso vem crescendo junto à sociedade, muitas vezes até alcançando o sucesso almejado pelos que se servem de tal procedimento. Contudo, como esse sucesso frequentemente se firma sobre bases frágeis e algumas vezes mediante utilização de comportamentos inescrupulosos, o futuro que aguarda tais criaturas pode ser bastante incerto.
Sabemos que efetivamente a autoestima e o conhecimento de seus próprios valores e capacidades é de fundamental importância para a realização de qualquer empreendimento, seja ele material, objetivo ou subjetivo. Mas é necessário manter a mente clara, fixada em metas realmente interessantes e boas não apenas para um indivÍduo, mas para os demais que com ele jornadeiam, próximos ou distantes.
Todavia, a análise do contexto das leis naturais nos fornece instrumentos para trabalharmos nossa escala de valores, pervertida pelos séculos de ignorância e superstições místicas e míticas, durante os quais o medo nos paralisou a mente e a caminhada. Hoje, de modo geral, a humanidade já não se limita a crer, a aceitar cegamente – quer compreender para poder então afirmar eu sei. Seu questionamento cresceu e se aprofundou, o que lhe permitiu respostas mais substanciosas em conformidade com a inteligência e a lógica que já conquistou, aliás a duras penas.
Assim é que tudo isso que se assemelha a um verdadeiro CAOS, com tantas guerras, tanta violência, tantas doenças graves e mesmo fatais até então desconhecidas, tanta destruição da natureza, do meio ambiente, de animais, de milhões de seres humanos levados à míngua pela ganância de nações pretensamente poderosas, nada mais é na verdade do que um vasto e longo período de TRANSFORMAÇÃO, a fim de que possam ser modificados os propósitos dessa mesma humanidade dos dois planos da vida, físico e extrafísico, e renovados os padrões de comportamento de uns para com os outros.
Trata-se nada mais nada menos do que da aplicação da LEI DE PROGRESSO, lei natural, divina, à qual tudo e todos estamos sujeitos; sabemos igualmente que não estamos impotentes diante de nada que acontece, quer seja perto ou distante de nós – se nossa ação não pode ser direta, objetiva e concreta, resta-nos a ação indireta e subjetiva através do nosso pensamento, gerando campos de vibrações positivas e fraternas que, solidários a outros do mesmo teor, formarão grandes bolsões de abastecimento benéfico, em que a boa-vontade e o amor serão o fermento que fará se alastrarem esses bolsões até que, saturados, se rompam e despejem todo seu conteúdo nesse fluido que envolve toda a criação.
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