Por Roberto Caldas
Há quem escolha viver em ostracismo por razões que compete a si mesmo defender e identificar. No mundo atual, desde que pertença ao universo urbano é cada dia mais difícil essa forma intrusiva de viver, pois sempre haverá a dependência de serviços alheios, o que força o relacionar-se. Apenas o eremita pode declarar-se isolado.
De resto, vive-se em relacionamentos que significam a inserção de cada pessoa do próprio universo, indexado pelas inúmeras vinculações que compõem toda e qualquer atividade humana. Por trás dos comportamentos individuais há um séquito de acompanhantes que emprestam as suas contribuições que retratam uma convivência plural.
No senso comum toda relação guarda uma condição de escolha. Há simpatias e sintonias que devem ser sopesadas na seleção dos diversos tipos de companheiros que decidem caminhadas cooperativas.
A literatura espírita dispõe uma informação necessária para o ajuste dessas alternativas. Franqueando à pessoa a realidade de constituir-se em um Espírito Imortal numa jornada de múltiplos renascimentos, esclarece que muitos encontros relacionais estão encadeados por vivencias anteriores ao tempo atual. O que não impede que novos contatos possam ser contratados na presente encarnação.
Independente da longevidade embutida numa relação entre encarnados, o que implica em vínculos que estabelecem graus de afeto ou pendências a serem solucionadas, é possível gerar uma trajetória de satisfação mútua.
A adoção de regras, não necessariamente formais, é importante medida na regulação dos fatores que produzem um processo que permitem a prática de princípios que respondem pelo respeito, liberdade e admiração. Amizade mútua entre pessoas, em qualquer circunstância em que se manifeste, sejam amantes, amigas, sócias, parentes ou contatos por vias virtuais. Sem esses elementos toda relação azeda, deixa de ser nutridora. Torna-se tóxica.
Numa convivência, com a compreensão da manutenção da integridade individual das partes, o clima de aceitação com as decisões do outro é um departamento a ser visitado com toda frequência necessária. Uma relação nutridora torna obrigatória o ajustamento da correlação de forças sem que haja preponderância de alguém sobre alguém, mas ao mesmo tempo uma disposição de emprestar-se forças mutuamente diante de fragilidades ocasionais externadas durante a caminhada.
Numa relação, o que nutre é a troca. Quanto mais se troca mais se fortalece. Relação sem troca significa estratégia de extorsão do outro. Precisa ser repensada para transformação ou mesmo dissolução. É possível que Jesus tenha chamado atenção para a formação de um vínculo realmente nutridor quando ensina que é preciso seguir adiante quando bater-se em uma porta que não se abre, sem exigir do outro nem se tornar cativo de suas decisões. Relações nutridoras são vinculações que transformam as partes afetadas em seres progressivamente felizes e realizados.
Muito bem colocado, Roberto. Doris Gandres
ResponderExcluir