quarta-feira, 3 de julho de 2024

NO FIO DA NAVALHA

 

Por Marcelo Henrique

Essa curiosa expressão (No Fio da Navalha) pode ter como cenário qualquer dos ambientes em que estivermos inclusos, neste quadrante do espaço-tempo.

A equidistância

Que nos separa do semelhante pode nos permitir aproximação e distanciamento, entendimento ou repulsa, até mesmo por sobrevivência (tranquilidade).

Somos um conjunto de experiências adquiridas que vão moldando o conhecimento individual e permitindo sua aplicabilidade nas esquinas da existência espiritual.

A Kardec

Os Iluminados disseram que, no Plano Sutil, a ciência dos outros sobre o que somos se dá instantaneamente, porque a comunicação se dá pelo pensamento. Já, aqui… Os contornos da vestimenta física e a (maior ou menor) habilidade de lidar com os relacionamentos – e com os conflitos – pode nos permitir a paz ou a espada.

Vejo muitas espadas em punho, tangenciando o ar e encontrando-se, em debate e disputa. A calmaria já se foi há tempos e o momento favorece que uns e outros se digladiem sem cessar.

Aonde foi parar a temperança, a compreensão, a alteridade? Ou será que estes componentes jamais existiram em plenitude e estavam, digamos, disfarçados pelas conveniências e contingências?

Não sei precisar…

Das veredas sociais

Saindo do locus público e político, das veredas sociais, e adentrando a um nicho mais específico, o da especificidade espírita, entre os que se adjetivam e se assumem como tal – ainda que também enquadrando os simpatizantes, os interessados, os que aceitam a Filosofia Espírita – contemplamos um aumento da belicosidade e da incompreensão generalizada. Falamos dos religiosos, de um lado, e dos não-religiosos, do outro.

A expressão laicismo (laicidade) não é, de pronto e totalmente compreendida, razão pela qual optamos por utilizar outro termo, em suas concepções de afirmação e negação.

O fato é que, como predisse Herculano Pires, muitos falariam de Espiritismo sem conhecê-lo, em essência.

Muitos se afiliariam às instituições, seguindo o intuito e o projeto de Rivail-Kardec, mas não estariam muito familiarizados com a práxis e a motivação espiritista.

Frequentariam instituições, consumiriam livros, dvds e palestras virtuais ou presenciais, ainda “maravilhados” com as histórias e as prédicas, mas sem a exata compreensão dos fundamentos e, mais, do papel transformador que o Espiritismo deveria empreender em si, cada qual, individualmente.

E no conjunto, como consequência.

Transito entre dois lados, de um lado, eu gosto de opostos – é a poesia de Calcanhoto, soberba e pungente. Eu sou assim, e ando transitando – de há muito – entre os “dois lados” espíritas.

Na vida real

Ou nas plataformas virtuais das redes sociais é difícil, reconheço, conciliar tantas dissonâncias e tantas abordagens díspares e, até conflitantes.

Não é apenas pela visão do PORVIR (Mundo Espiritual), com a afirmação ou negação de colônias, materialidades e quejandos.

É o hoje. É o estar no mundo sem ser do mundo. É é o corre-corre, é a rotina, é o conjuntural.

É a opinião política, sexual, sentimental, familiar, convivial, é o tema do filho na escola, é a dificuldade de relacionamento no trabalho, é o embate com o marido ou a esposa, por questões menores.

É tudo.

E é nada.

No Fio da Navalha

Continuamos muito distantes do “ser reconhecidos por muito se amarem” (Yeshua) e do “amai-vos para, depois, intruí-vos” (Verdade). Tons de um mesmo acorde. Necessidades de um mesmo caminhar espiritual. Sobretudo, no fio da navalha das incompreensões e incapacidades de entendimento.

Até quando?

 

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