Por Ana Cláudia Laurindo
Em nossas concepções de caráter analítico sobre evolução espiritual – tema tratado com recorte político, no livro autoral (R)evolução Política dos Espíritos, sem compreender as ligações entre os manejos do poder terrenal e as condições de vida dos espíritos encarnados, a capacidade de processar o melhoramento do ser integral, será retardada pela ignorância por período indeterminado.
Sobre isso tratamos no terceiro capítulo, assim apresentado: Poder terreno como objeto de estudo espírita.
É uma proposta de deslocamento paradigmático; pois deixa a individualidade fora das centralidades, e passa a concebê-la como parte de um sistema de condutas veiculado por coerções, sejam estas materiais ou simbólicas, na perspectiva histórico/social coletiva.
No livro dizemos: “Acreditamos que sem o aprimoramento corajoso da percepção dos seres como entidades ativas e políticas, não haverá deslocamento de polos psicossociais que concretize processos de evolução dos espíritos encarnados neste planeta, somente com o ideário religiosista, de fundo amplamente moral”.
Que se torne óbvio não escrevermos em defesa de imoralidades ou amoralidades, pois que não julgamos pelo parâmetro de condutas nem elencamos princípios ou crenças como modelos, nosso intuito é considerar o crescimento autônomo, a elevação do saber e o exercício de libertação humana associados ao bem viver histórico, econômico, cultural e mental como expressões políticas, sendo o seu inverso outras expressões dentro do bojo político preenchido com intencionalidades retrógradas.
Questionar o religiosismo não é combater os princípios religiosos, que sempre se colocaram como importantes para espíritos encarnados e desencarnados, mas, ao contrário disso, a proposição dialógica pretende ir além de padrões metafísicos, que aprisionam a concepção do bem em crenças que distanciam a terra do céu, no simbolismo da desvalorização existencial da matéria e supervalorização da ideia espiritual.
“Todo cabedal de discurso piedoso se encerrará na perspectiva da conveniência asséptica, com possibilidades de anestesiar o sendo de verdade”. O religiosismo espírita criou um bula própria de explicações para os sofrimentos humanos que aplica rígida distribuição de culpas entre sofredores do presente, preservando algozes encarnados e sistemas considerados vencedores de estudos apurados sobre malefícios que geram na última hora.
“A sociedade que gera o excluído também mantém o assistencialismo focado nele. Existirá aí um ponto nevrálgico que mereça nossos questionamentos?” Ou estaremos também anestesiados? ” A vinculação do espírita à ideia de caridade mantém o esteio do assistencialismo no patamar da ingenuidade, intencionalidade superior ou alienação política?”
“Toda justificativa do injusto que se manifeste conivente com abusos de poderes nos âmbitos relacionais e institucionais aceitos como legítimos, mantém o espírito em um patamar de aprisionamento e temor da autonomia diante de algum modo de poder que o retrai, assusta, ameaça”. Não será um mote interessante para o saber espírita, aprender a libertar o pensamento humano defendendo direitos de livre expressão e, consequentemente, uma renovação de valores humanos/sociais? Como fazer isso sem questionar o modo de gerar e distribuir valores, riquezas, qualidade de vida e acessos a bens essenciais? Como evoluir espiritualmente sem crescer em cognição, em condições de desenvolvimento saudável e autônomo, desde a vida corporal?
“Evoluir sem libertar, sem expandir o próprio potencial libertário, será mera retórica, não importa de onde venha a voz que nada explica”. Pois o sofrimento por si, tolhe e faz agonizar, mas não engradece a compreensão da amplitude humano/espiritual. Apenas o conhecimento que amadurece o espírito em compreensões logra este mérito. O sofrimento atroz se abate como uma força que doma, e isto segue distante de um processo libertador. Deste modo, será o desenvolvimento do aspecto político humanitário, que trabalhará em benefício integrado, favorecendo o espírito. A política da evolução!
“O posicionamento político amoroso é transformador quando eleva o valor relacional acima das mazelas geradas pelos interesses do poder”, e estaremos de muitas formas expostos a estes interesses; desde o econômico, cultural, regional, racial, de gênero, sexualidade e classe social, entre outros de características subjetivas e egóicas.
Sem compreender os meandros do poder no mundo, seguiremos aliciando o espírito rumo às crenças baseadas em meras projeções.
Para conhecer mais sobre este pensamento livre, sugerimos leitura de (R)evolução Política dos Espíritos, que por ser autoral e resultado de autopublicação, o contato é direto com a autora, pelo zap (82) 98808-4903
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