domingo, 20 de abril de 2025

PÁSCOA DO ÓDIO NO SÉCULO XXI

 

 Por Ana Cláudia Laurindo

Há um alívio no ar, trazido pelas interpretações polimorfas da palavra Páscoa, que tornou-se grande incentivo ao posicionamento de continuar acreditando apesar do julgamento, da tortura e da morte.

Mas acreditar em quê?

A gama de propósitos de crença e fé sugere desde o acirramento fundamentalista às entregas materialistas baseadas em teologias alienantes, marcando o campo religioso com o afastamento constante da solidariedade  e do amor que liberta.

A Páscoa está cada vez mais voltada para dentro, para os propósitos de grupos fechados e individualidades egóicas. O sentido do encontro com o Eu Divino sobrevivente ao ódio, ao ato político punitivo e domesticador, perde expressão neste tempo de disputa pela verdade nos círculos tradicionais.

Contudo, isso não nos impede de escolher seguir caminhos mais singelos, reconhecendo todo processo de tortura, perseguição e destruição do outro, como injusto. Libertando o coração para experimentar um amor que renasce a cada novo dia, com esperanças de não desistir, mesmo quando o chicote ensaia arrancar o nosso sangue.

Que essa passagem de uma consciência estagnada em si mesmo ou no poder que inspira servilismo, para uma ação contínua de acolhida ao bem estar comum, signifique para nós um recomeço banhado na luz das compreensões que elevam o sentido da vida, após o jejum do personalismo que confunde e da solidão que atordoa.

Nós desejamos Paz a esse mundo na representação das vítimas de diásporas e genocídios, como os crucificados do sistema, que haverão de ressuscitar quando forem percebidos e defendidos por cada um de nós, mas, principalmente, pelos que detém os poderes de decidir pelo fim das mortes punitivas.

Assim seremos os aprendizes contínuos, de que diante dos sistemas de poderes mundanos, amar se torna uma tarefa de morte, mas insistir amando se transmuta em ressurreição.

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