Por Ana Cláudia Laurindo
Será este dia um divisor de águas na história contemporânea?
Estará riscada na linha do tempo uma nova idade das trevas?
Será Bergoglio, o Francisco católico, um marco de luz no fim do túnel dessa história?
Setores da igreja rezaram por sua morte no reclame do arcaísmo que ele combateu.
A sabedoria amorosa do Papa Francisco acrescentou virtudes a uma das instituições mais antigas e conservadoras do mundo, a mesma que instituiu morticínios e se apropriou das chaves do céu, no simbolismo de Pedro, o discípulo de Jesus.
Mas também foi nos arrabaldes da igreja católica que ganhou força a Teologia da Libertação e as comunidades dançaram e cantaram a esperança nas ruas, superando ditaduras e movimentando uma sociedade libertária em comunidades eclesiais.
A imperfeição e a perfeição postas na mesa, na consagração de um corpo sacrificado e um derramamento de sangue dito redentor que vira pão, que se transforma em vinho, que promete a salvação aos fiéis. Essa mesma igreja reúne interesses os mais divergentes, afina com poderes políticos e econômicos e continua detendo importância na condição de milhares de mentalidades.
Francisco foi uma estrela latina que brilhou no Vaticano.
Um Papa que fez o mundo se sentir mais aconchegado.
Deixou esperança nos dias pandêmicos e enfrentou tabus.
A morte de Francisco deixa uma sensação de perda em caráter global. Mas seu exemplo fincou nuances importantes nessa história, e sem sua presença física, um temor do arcaísmo ressurge, porque a igreja católica não logrou superar o medieval que palpita na ânsia de domínio do mundo sob os discursos celestiais.
Brilhante artigo.
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